Os chefes dos serviços britânicos de inteligência
realizaram uma inédita aparição conjunta, com o objetivo de reclamar dos
riscos causados pelo vazamento de documentos sigilosos pelo ex-técnico
de inteligência norte-americano Edward Snowden.
Numa cena que a imprensa local comparou a filmes do
agente James Bond, os chefes das três principais agências de espionagem
disseram ao Parlamento que as revelações feitas desde junho por Snowden
os levaram a considerar a necessidade de serem mais transparentes sobre
suas atividades.
Mas eles disseram que parte do trabalho terá de
permanecer secreto, por razões de segurança nacional, e que os
vazamentos de dados, que detalham uma estreita cooperação da
Grã-Bretanha com a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, causaram
enormes danos.
"Os vazamentos de Snowden foram muito nocivos, colocaram
nossas operações em risco", disse John Sawers, diretor do MI6, agência
britânica de inteligência externa. "Está claro que nossos adversários
estão esfregando as mãos de alegria, a Al-Qaeda está lambendo os
beiços."
O caráter incisivo desses comentários revela a irritação
dos chefes de inteligência com a atitude de Snowden e com jornais que
publicaram essa informações, desafiando alertas do governo para não
fazerem isso.
Os vazamentos motivaram um amplo debate sobre a
necessidade de mais transparência nas atividades de inteligência, e
sobre a necessidade de equilibrar as preocupações de prevenção do
terrorismo com o direito dos cidadãos à privacidade.
Iain Lobban, diretor da GHCQ, agência britânica de
espionagem, disse a parlamentares que os chefes de inteligência estavam
"considerando ativamente" a necessidade de partilhar mais informações
com o público.
Ele argumentou porém que "certos métodos" deveriam
permanecer secretos, e citou o que disse serem exemplos específicos em
que os vazamentos de Snowden haviam prejudicado a segurança nacional.
"Já vimos grupos terroristas no Oriente Médio,
Afeganistão e outros lugares no sul da Ásia discutindo as revelações em
termos específicos", afirmou. "Na verdade vimos conversas em torno de
grupos terroristas específicos que, mesmo perto do país, discutem como
evitar o que eles agora percebem como sendo métodos vulneráveis de
comunicações, ou como escolher comunicações que eles agora percebem como
não sendo exploráveis."
O fato de os três chefes de inteligência aparecerem em
público juntos - o diretor do MI5, serviço de segurança interna, também
estava presente - é algo inédito na Grã-Bretanha.
No passado, essas audiências aconteciam a portas fechadas, e até 1992 até mesmo o nome do diretor do MI6 era sigiloso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário