“Naquela mesa está faltando ele...”

Neste sábado o Mundo inteiro parou para ver o pontapé inicial da Copa do Mando de 2014, no Rio de Janeiro, cidade que em outros tempos foi mundialmente conhecida como Cidade Maravilhosa, e que hoje, infelizmente já não é bem assim. Quem cantou “Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil” foi num tempo de “Chão de estrelas em que barracão de zinco era bangalô" numa “Aquarela Brasileira”. As coisas mudaram. As belezas do morro viraram territórios independente onde as UPPs servem como bandeiras de retomadas, construídas com aparatos militares de segurança, a fim de libertar “comunidades” esquecidas há anos por quem vive no calçadão de Copacabana vendo a Garota Ipanema pisar na areia rebolando ao som dos versos musicais de Vinícius de Moraes e Tom Jobim.

A festa transmitida para quase duzentos países bancada com dinheiro público, dizem, coisa que os outros não sabem, só nós, mostrou imagens belíssimas da nossa terra, do nosso folclore, das nossas festas, e por falar em festas, parabéns por não colocarem mulheres peladas nas imagens, prato que os “de fora” comem com avidez no olhar e imaginam ser o nosso único produto de exportação. Para os gringos o Brasil é somente o país do carnaval, coisa que muitos conterrâneos nossos, também, divulgam aos quatro ventos.

O Brasil é sim, um país com maravilhas desnudas em todos os seus rincões, basta saber explorá-las e divulgá-las, coisa que um grande poeta da terrinha falava em seus versos: “Não há país nenhum como este”...

Entrando como a sétima economia do Mundo, o Brasil precisa, porém, de rever certos conceitos, como “Brasil do Jeitinho”, do “deixar para o último dia” e por fim de saber orar o Pai Nosso todo e não, somente, o “Venha nós o vosso reino” por trás de cortinas de fumaça escondendo escândalos em cada gaveta de escritório, quando a questão é lidar com dinheiro público. Isto tem que acabar sim!

Não bastassem os escândalos do Planalto Central, a própria CBF, entidade maior do nosso futebol, também, está sob suspeição. O Presidente, vitalício por conveniência, agride a imprensa estrangeira e cai em desgraça na opinião pública. A sua moral, o que é lamentável, afinal foi ele um dos maiores responsáveis para trazer a Copa para o Brasil, está mais baixa que diferencial de sapo. Quem mandou meter os pés pelas mãos, essas mesmas mãos que servem para botar algo no bolso?

Até a festa de lançamento da Copa está sendo questionada, desde o monopólio sem licitação para apenas uma empresa de comunicação, e tudo com o dinheiro público, cujo valor está sendo esmiuçado pelas concorrentes, que si quer puderam concorrer. Mas, no Brasil é assim mesmo, os grandes eventos são de um só canal e os melhores deles só podem ser vistos depois da novela. Como brasileiros não temos direito de opção é questão cultural, parece.

Na CBF não tem eleições e nem aposentadoria, só a morte tira um presidente da cadeira de Confederação de Futebol. E o que é pior, esta prática ganhou o Brasil e praticamente todos os presidentes de federações de futebol, hibernam no mandato e deitam e rolam sem fiscalização de seus atos.

Vamos fazer uma Copa do Mundo e nem o estádio, ou o Estado está definido, porque tudo está esbarrando na incompetência e eu pergunto de quem? Do Bispo é que não é.

As obras de infra-estruturado PAC para a Copa foram desviadas de suas origens (estradas, aeroportos, portos, estádios...) para os tribunais de plantão. Se estas obras já estavam atrasadas para o seu início o que dizer daqui pra frente quando elas esbarram na morosidade da Justiça.

O descaso, e por que não dizer o desrespeito foi tão grande, que quase colocaram placa de inauguração pregada no vento, de obras que nem saíram do papel, mas, já gastaram o papel moeda da mesma.

Agora o tempo urge, por que o Brasil assinou um compromisso de realizar a Copa perante quase sete bilhões de habitantes do Planeta. O nome do país está em jogo, a bola na marca do pênalti. Oh! Desculpem, não queria falar de pênaltis, pois, isto me lembra Copa América, portanto, vamos colocar a bola no círculo central do campo e começar o jogo pra valer.
Desde pequeno aprendi que a bola gira ao apito do árbitro pelo centroavante que tem o mando de campo. Olhei para o centro do gramado e não vi o goleador do time, o homem gol, o Rei da Grande Área, aquele que nos deu a Copa do Mundo de 1994. Cadê o Baixinho fazedor de gols? Por que ele não está ali? Por que agora é Deputado Federal e está vendo com outros olhos coisas na Casa Grande do Futebol?

Estas desavenças, estas picuinhas, seu Presidente, num momento tão importante como o de sábado, dia 30 de Julho de 2011, devem ser relevadas. Pelé, o Rei do Futebol, já foi seu desafeto, estava lá. Este lhe convinha por que é Embaixador do Brasil em todo o Mundo, com bola ou sem bola. Este, onde tiver uma bola ele tem autoridade para autografá-la, deslizá-la pelo gramado, ou mesmo “matá-la” no peito e fazer gol.

Mas, o Brasil inteiro viu a indelicadeza de sua parte em não convidar o Baixinho Romário para esta festa. Depois de Pelé, Romário é o segundo artilheiro do Brasil com mais de mil gols. Este sim, já deu mais alegria aos brasileiros, que Vossa Excelência em toda sua interminável função de Presidente.

Os que não aceitam críticas e nem sabem reconhecer o valor dos heróis, não podem continuar em cargos onde o pavilhão brasileiro possa está à frente de conquistas de um povo que tem orgulho por sua terra.

Sérgio Bitencourt escreveu uma das músicas mais famosas de sua carreira para seu pai, em que ela dizia: “Naquela mesa está faltando ele e a saudade dele está doendo em mim”...

Ali, no Rio de Janeiro, tendo o Maracanã por testemunha é a casa dele. Um Maracanã sem Romário falta o gol e o grito na garganta da torcida.

Todos não entenderam o porquê do baixinho Romário não ter sido convidado para a mesa do Sorteio da Copa de 2014, em pleno Rio de Janeiro, sua casa.