terça-feira, 2 de agosto de 2011

Câmara dos EUA aprova acordo que eleva teto da dívida


A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou na noite de segunda-feira um projeto para elevar o limite de endividamento do país, num passo decisivo para evitar um potencialmente catastrófico calote pela maior economia do mundo.

Na véspera do prazo final, a aprovação pela Câmara, de maioria republicana, do plano anunciado no fim de semana para reduzir o déficit em 2,1 trilhões de dólares abriu caminho para o Senado aprová-lo.

Controlado pelos democratas, o Senado deve votar o projeto a partir das 13h (horário de Brasília) de terça-feira, e a expectativa é de que seja aprovado. Se passar, será enviado para sanção do presidente norte-americano, Barack Obama.

A aprovação pela Câmara era considerada o maior obstáculo para uma solução da crise.

O impasse de meses bloqueou o sistema político dos Estados Unidos, alarmou seus aliados internacionais, sacudiu os mercados financeiros e prejudicou a imagem do país no exterior.

O projeto foi aprovado na Câmara por 269 votos a favor e 161 contra, bem acima da maioria necessária. Democratas ficaram igualmente divididos -- 95 a favor e 95 contra --, enquanto 174 republicanos foram favoráveis à medida, com 66 se opondo a ela.

A deputada Gabrielle Giffords, gravemente ferida num tiroteio durante campanha eleitoral em janeiro, apareceu de surpresa no plenário para votar, sendo muito aplaudida. Ela retribuiu a recepção acenando e mandando beijos.

Até o último minuto, mercados financeiros mundiais foram abalados pela incerteza sobre se o plano poderia ser aprovado pela Câmara diante das objeções de republicanos do conservador Tea Party e de liberais democratas.

Os mercados inicialmente demonstraram sinais de alívio com a perspectiva de os EUA evitarem o calote. Mas o risco de o país perder sua nota de crédito AAA, mesmo com a aprovação do acordo, contribuiu para conter a breve disparada nas bolsas.

Após a votação, o presidente da Câmara, o republicano John Boehner, afirmou que o resultado final justificava os meses, muitas vezes tortuosos, de negociações. "O processo funciona. Pode não ser agradável, mas funciona", disse a repórteres.

Na terça-feira, com uma aprovação final pelo Congresso do acordo para aumentar o teto da dívida de 14,3 trilhões de dólares, não haverá mais o risco de os EUA não honrarem suas contas.

Líderes de ambos os partidos trabalharam furiosamente para convencer suas bancadas sobre o acordo obtido com Obama no fim de semana com o objetivo de encerrar um impasse que abalou a fé dos norte-americanos em suas instituições políticas.

O plano exige cortes de gastos ao longo de 10 anos, mas sem a imposição de nenhum novo imposto, a criação de uma comissão parlamentar que recomendará, até o fim de novembro, um pacote mais específico de redução do déficit e eleva o limite de endividamento do país até 2013.

Obama e muitos parlamentares admitiram que o projeto acordado não era perfeito. Mas ressaltaram que ele era necessário para evitar um calote pelo governo.

"Foi um processo longo e confuso e, como todo compromisso, o resultado está longe de ser satisfatório", disse Obama em uma mensagem de vídeo transmitida a seus seguidores por sua campanha de reeleição. "Mas também lançou um importante debate sobre como lidar com os grandes desafios que enfrentamos."

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