terça-feira, 2 de agosto de 2011

Bovespa abre em queda à espera de votação nos EUA



A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu o dia em baixa, em meio à preocupação dos mercados internacionais com a elevação do teto da dívida dos Estados Unidos. Os solavancos da economia global afetam a Bolsa, que pode perder o nível dos 58 mil pontos nesta sessão e retroceder a um patamar que não era visto desde setembro de 2009. Por outro lado, a safra doméstica de balanços corporativos pode agitar os negócios e até estimular uma caça por pechinchas. Às 10h12, o índice Bovespa (Ibovespa) caía 0,23%, aos 58.402 pontos.

Foto: AP Ampliar

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Tudo indica que o Congresso dos EUA vai concluir o aumento do endividamento do país. Ontem à noite, a Câmara dos Representantes, de maioria republicana, aprovou, com 269 votos a favor e 161 contra, o projeto de lei que eleva o limite legal da dívida do país. O projeto deve ser votado hoje no Senado, de maioria democrata. Caso seja aprovado, segue para sanção do presidente Barack Obama.

Na avaliação do operador da Icap Brasil Carlos Augusto Nielebock, o grande problema são os sinais de quase estagnação da economia do país. "Se a economia estivesse caminhando, haveria caixa para o governo e não seria preciso elevar o teto da dívida", comenta. Segundo ele, a desaceleração econômica dá sinais de ser forte e ampla, atingindo países relevantes. "Os EUA são os grandes consumidores do mundo e tendem a reduzir a demanda, bem como os gastos públicos, diminuindo a atividade de economias como Alemanha e China - com consequências também no Brasil", explica.

Do outro lado do Atlântico, dados recentes do Reino Unido e da zona do euro também mostraram esfriamento da atividade manufatureira, ao mesmo tempo que se avolumam as preocupações sobre o contágio da crise das dívidas para economias maiores, como da Itália e da Espanha. Mais cedo, os yields (retorno ao investidor) dos bônus de 10 anos desses dois países atingiram novos recordes desde a criação do euro, enquanto os dos títulos da Alemanha (bunds) e do Reino Unido (gilts) recuaram.

Aqui no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial recuou 1,6% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal. O resultado ficou abaixo do piso das expectativas dos analistas ouvidos pela Agência Estado, que estimavam desde uma queda de 1,00% a uma expansão de 0,30%, com mediana negativa de 0,40%. Na comparação com junho de 2010, a produção subiu 0,9% - resultado que também ficou fora das estimativas, nesta base de comparação, que eram de uma expansão de 1,50% a 3,60%, com mediana positiva de 2,50%.

Uma vez que cresce o sentimento no mercado de que o aperto fiscal nos EUA e na Europa vai travar a economia internacional por vários anos, afetando o comércio internacional, os riscos de a Bovespa seguir deprimida são grandes. Segundo a equipe de análise gráfica da Um Investimentos, após perder a região dos 58,6 mil pontos ontem, o Ibovespa segue em tendência de baixa no curto e médio prazos, projetando importante região de suporte em 57,9 mil pontos.

Mas a temporada de balanços pode servir de contraponto. Pela manhã, o Itaú Unibanco anunciou lucro líquido de R$ 3,603 bilhões no segundo trimestre deste ano, o que representa uma alta de 13,8% ante o mesmo período do ano passado. Na comparação com os primeiros três meses de 2011, a alta foi de 2,1%. O maior banco privado do País registrou R$ 7,1 bilhões de lucro líquido no primeiro semestre de 2011, equivalente a uma alta de 11,45% em relação ao mesmo período de 2010.

O Itaú Unibanco registrou alta na inadimplência no segundo trimestre. O indicador, considerando os atrasos acima de 90 dias, fechou o período em 4,5%, ante 4,2% no primeiro trimestre. Houve crescimento maior nas operações com pessoas jurídicas, com o índice subindo de 3,1% para 3,5%. Na pessoa física o indicador subiu de 5,7% para 5,8%.

Já a Usiminas reportou uma queda de 62% no lucro líquido apurado entre abril e junho deste ano, para R$ 157 milhões. No mesmo período, a receita líquida chegou a R$ 3,026 bilhões, queda de 15,6%. Nos seis primeiros meses do ano, o lucro líquido da siderúrgica mineira caiu 78%, para R$ 173 milhões. Segundo a siderúrgica mineira, os resultados apresentados no segundo trimestre deste ano ficaram estáveis em relação ao trimestre imediatamente anterior por causa da continuidade da pressão dos custos das principais matérias-primas e também devido à valorização cambial, segundo o balanço da siderúrgica.

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