sábado, 9 de julho de 2011
Nasa aposenta ônibus espaciais
Nova York (AE) - Com quatro tripulantes a bordo, o Atlantis foi lançado ontem, em Cabo Canaveral (Flórida), na última viagem da era dos ônibus espaciais dos Estados Unidos. A partir de agora, os astronautas americanos dependerão dos russos para conseguir ir para o espaço. Cerca de um milhão de pessoas acompanharam o evento nas praias e estradas ao redor da base da Nasa. A missão tem previsão para durar 12 dias e servirá para abastecer a Estação Espacial Internacional com cinco toneladas de mantimentos, incluindo roupas, materiais científicos e comida. O Atlantis, quando retornar à terra, será aposentado, assim como já foram os outros dois ainda com capacidade de voar.
Mike Leinbauch, diretor de lançamento, desejou boa sorte aos tripulantes minutos antes da partida, descrevendo o ônibus espacial como "um ícone americano". Em resposta, o comandante da Atlantis, Chris Fergusson, disse que a aeronave "sempre será um reflexo de o que uma grande nação podem fazer".
Os funcionários da Nasa envolvidos no lançamento ficaram emotivos com a última viagem dos ônibus espacial. Eles gravaram um filme carregando mensagens de despedida em cartolinas. Ao menos 3.200 empregados terceirizados da Nasa serão demitidos quando o Atlantis retornar.
Ao todo, foram 135 missões dos ônibus espaciais ao longo dos últimos 30 anos, a um custo de cerca de US$ 200 bilhões. Dois acidentes marcaram a era destes meios de transporte espaciais. Primeiro, o do Challenger, em 1986, logo depois do lançamento. Dezessete anos mais tarde, o Columbia explodiu quando retornava para a Terra. Sete astronautas morreram em cada um deles.
"O lançamento marca o voo final dos ônibus espaciais, mas nos coloca na nova era de nossa aventura sem fim de conquistar as fronteiras da exploração e da descoberta do espaço", disse o presidente dos EUA, Barack Obama, ao comentar o lançamento na Casa Branca. A partir de agora, segundo o líder dos EUA, "a nova missão da Nasa será enviar americanos para Marte. Eu sei que eles são capazes de vencer este desafio e espero estar por aqui para ver".
Este objetivo de chegar ao planeta vizinho ainda está a décadas de distância, de acordo com especialistas. Na realidade, desde o governo George W. Bush e também agora na administração do atual presidente, o foco da Nasa será em trabalhar com a iniciativa privada para encontrar novas alternativas mais baratas para voltar a enviar astronautas e mesmo pessoas comuns para o espaço.
O próximo modelo de transporte espacial dos EUA deve ficar pronto em cinco anos ou mais. Até ser lançado, os americanos dependerão dos russos para poder viajar para o espaço. A Rússia até hoje utiliza cápsula Soyuz para realizar as suas viagens espaciais. Para cada vaga nestas aeronaves de Moscou, criadas no tempo da Guerra Fria, os americanos precisarão gastar cerca US$ 63 milhões. Até agora, 46 foram reservadas e a Nasa pretende ter outras para poder seguir com suas experiências espaciais.
Apesar do fim das viagens tripuladas para o espaço, pelo menos por enquanto, os EUA seguirão com uma série de missões não-tripuladas nos próximos anos. A presença de seres humanos nas aeronaves eleva os custos, devido a questões de segurança, e impede a ida até lugares distantes da Galáxia. Nos últimos anos, os ônibus espaciais praticamente serviam apenas para ir e voltar até a Estação Espacial Internacional, que custou US$ 100 bilhões.
O novo modelo, de acordo com a Nasa, deverá ter condições de viajar para além da Estação Espacial Internacional, localizada a cerca de 400 km de distância da terra. Os cerca de US$ 4 bilhões gastos com a manutenção dos ônibus espaciais serão destinados para este projeto.
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