
O Governo da Índia começou nesta quinta-feira uma exaustiva investigação para esclarecer as circunstâncias do múltiplo atentado que na véspera matou 18 pessoas na cidade ocidental de Mumbai e que continua sem ser reivindicado por nenhum grupo terrorista.
Nesta quinta-feira, o ministro do Interior, P. Chidambaram, que na noite anterior foi até a capital financeira indiana, admitiu à imprensa que as agências de inteligência não tinham informações sobre planos de atentados em Mumbai.
Chidambaram compareceu diante dos jornalistas acompanhado do chefe de Governo regional, Prithviraj Chavan e reiterou que a série de explosões em três áreas do centro e do sul da cidade foi um "ataque terrorista coordenado".
"Investigaremos todas as organizações terroristas hostis à Índia e as indagações não partirão de suposições prévias", acrescentou o ministro, que, no entanto, matizou que as primeiras pesquisas apontam para "um grupo pequeno".
As autoridades indianas demonstraram-se, por enquanto, cautelosas para atribuir a autoria do ataque. Policiais apontaram como possíveis responsáveis às organizações "Lashkar-e-Toiba" e "Indian Mujahedin", algo habitual nestes casos.
Chidambaram situou em 18 os mortos no atentado - 17 corpos mais uma cabeça não identificada que foi resgatada de um dos locais das explosões - e em 131 os feridos, 23 dos quais estão em estado grave.
Nesta quinta-feira, também deve ir a Mumbai prestar solidariedade às vítimas o primeiro-ministro, Manmohan Singh, como divulgou a imprensa.
As explosões ocorreram em três pontos diferentes da populosa cidade; duas delas no sul, uma em um mercado de joias e outra perto de um teatro de ópera, enquanto a terceira deflagração foi registrada nas imediações de uma estação de trens.
O ataque aconteceu em áreas muito movimentadas e em um horário (durante a tarde) de grande fluxo de pessoas, tanto de trabalhadores que voltavam para suas casas quanto de cidadãos que transitavam pelo comércio.
Poucas horas depois das deflagrações chegaram a Mumbai equipes de investigação policial especializada a partir da capital, Nova Délhi, e desde a próxima cidade de Pune.
O ministro do Interior revelou que as primeiras pesquisas permitiram descartar o uso de detonadores por controle remoto e que as bombas, com a presença de nitrato de amônia como explosivo, apresentavam "certo nível de sofisticação".
Conforme a Polícia citada pelo canal indiano NDTV, os terroristas usaram celulares como detonadores e ao menos um quilo de explosivo.
Duas das bombas colocadas no sul de Mumbai tinham uma forte carga explosiva - a situada perto da ópera abriu uma cratera de perto de 70 centímetros -, e a terceira foi a de menor intensidade.
O atentado múltiplo desta quarta-feira reavivou a lembrança do ataque de novembro de 2008 perpetrado por um comando de dez terroristas, que causou a morte de 166 pessoas e foi atribuído pelas autoridades indianas ao grupo "Laskhar-e-Toiba", com base no Paquistão.
Ao ser questionado sobre se o objetivo do ataque era boicotar o iminente reatamento do processo de diálogo formal com o vizinho Paquistão, Chidambaram respondeu que as autoridades não excluíam "nenhum ângulo" de avaliação.
O analista de defesa Deva Mohanty disse à Efe que "não é possível garantir 100% que o atentado tenha a ver com as relações com o Paquistão, mas parece provável que algum grupo deseje influenciar no rumo do país".
"A reação que tenham as autoridades indianas diante deste atentado pode ser significativa não somente para essas negociações, mas para a política externa e a segurança da Índia nos próximos anos", acrescentou Mohanty.
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