O jornalista Pimenta Neves deve ser transferido a qualquer momento para um presídio. Não existe uma previsão exata, mas é certo que a Secretaria de Administração Penitenciaria quer resolver logo a questão.
Pimenta Neves chegou a passar sete meses preso em uma delegacia enquanto aguardava julgamento, mas conseguiu ser liberado pela Justiça antes de ser julgado. Depois que veio o julgamento, Pimenta Neves foi condenado a quase 20 anos de cadeia, mas nunca passou um único dia preso. Na terça-feira (24), isso mudou e agora não há mais como recorrer.
Eram 20h30 quando Pimenta Neves chegou à sede do Departamento de Homicídios. O delegado que fez a prisão contou que Pimenta Neves estava com as malas prontas há um mês. A decisão da Justiça já era esperada. O assassino confesso da jornalista Sandra Gomide deve sair do Segundo Distrito Policial da capital direto para um presídio, onde vai cumprir a pena.
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) foi conhecida no fim da tarde de terça-feira (24), em Brasília. Assim que saiu a ordem de prisão, uma das equipes de reportagem da TV Globo tentou ouvir o jornalista na casa dele, na Zona Sul de São Paulo. Pimenta Neves apareceu na janela, mas não quis falar.
Em seguida, chegou a polícia. Naquele momento, ainda não havia um mandado de prisão. O documento precisava ser expedido pela Justiça de Ibiúna, interior de São Paulo, onde foi o julgamento, mas a polícia queria ter certeza de que o jornalista estava na residência. Em seguida, a casa foi cercada. Depois de uma negociação, Pimenta Neves decidiu se entregar.
“Nós teríamos de cumprir o horário noturno e invadir a casa de manhã, mas nós fizemos contato telefônico com ele e convencemos que seria desnecessária a espera, porque a casa estava fechada. Ele pediu que se aguardasse o advogado, mas mesmo antes de o advogado chegar ele já abriu a casa e se entregou. Quando o advogado chegou, ele se sentiu mais seguro”, contou o delegado Aldo Galiano Júnior.
Pimenta Neves foi condenado pela morte da também jornalista Sandra Gomide. Os dois trabalharam juntos na redação do jornal “Estado de São Paulo”. Na época, ela era repórter e ele, diretor de redação. Depois de dois anos de relacionamento, Sandra decidiu terminar o romance e foi demitida por Pimenta Neves.
No dia 20 de agosto de 2000, Sandra Gomide estava no haras em Ibiúna. Pimenta Neves apareceu na propriedade armado. Depois de uma discussão, ele disparou dois tiros contra a ex-namorada pelas costas. Réu confesso e condenado, Pimenta Neves até agora só havia passado sete meses na cadeia.
“A defesa vem desde o começo do júri tentando anular, porque não houve um julgamento justo. Infelizmente e desafortunadamente a decisão do Supremo nos causou muita consternação, mas ela será cumprida”, afirmou a advogada de Pimenta Neves, Maria José da Costa Ferreira.
O pai de Sandra, João Gomide, nunca se conformou com a liberdade de Pimenta Neves. Na terça (24), mesmo doente, ele comemorou a prisão. “São 11 anos que eu estou lutando. Não tinha muita esperança. Agora hoje foi um dia de alegria. Me sinto alegre, porque recebi essa notícia. Gostaria que ele ficasse, pelo menos, uns cinco anos na cadeia”, declarou.
Depois de se entregar, Pimenta Neves prestou novo depoimento. Aos 75 anos e com problemas cardíacos, o jornalista passou pelo exame de corpo de delito na delegacia, sem precisar ir ao Instituto Médico-Legal.
Na madrugada desta quarta-feira (25), depois que a Justiça de Ibiúna expediu o mandado de prisão, Pimenta Neves foi transferido para o Segundo Distrito Policial, onde passou a noite em uma cela especial, como prevê a lei para réus com curso superior.
Jornalista recusa café da manhã na delegacia
Pimenta Neves chegou à Delegacia do Bom Retiro, tradicional bairro no Centro de São Paulo, na noite de terça. Segundo informações, ele nem sentou no colchão da cela. Ficou andando de um lado para o outro. O café da manhã chegou às 7h – café com leite, pão e manteiga – e o jornalista recusou.
No começo da manhã desta quarta-feira (25), Pimenta Neves não conversa com ninguém e não deve ficar muito tempo preso na delegacia. A Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo vai decidir para onde Pimenta Neves vai, mas deve ser um presídio do interior do estado.
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