sábado, 19 de fevereiro de 2011
Palestinianos marcam “dia de raiva” contra veto americano na ONU
Dirigentes palestinianos marcaram um “dia de raiva” contra a acção norte-americana depois de os EUA vetarem uma resolução na ONU considerando “ilegais” os colonatos israelitas.
Manifestantes pedem resolução contra colonatos em Biliin, na Cisjordânia Manifestantes pedem resolução contra colonatos em Biliin, na Cisjordânia (Darren Whiteside/Reuters)
São mentirosos que fingem apoiar a democracia e paz”, disparou Tawfik Tirawi, referindo-se aos Estados Unidos. “Mas estão longe disso.” A próxima sexta-feira é o dia escolhido para o protesto.
Os EUA acabaram por vetar, na véspera, uma resolução considerando “ilegais” os colonatos judaicos em território ocupado.
Segundo a agência Reuters, todos os outros 14 membros do CS votaram a favor da proposta.
Os palestinianos decidiram forçar a votação, apesar de os EUA lhes terem "implorado" (a palavra é do diário hebraico Ha'aretz) que não o fizessem. O último veto norte-americano no CS datava de Novembro de 2006, quando o então embaixador John Bolton barrou uma proposta que condenava um ataque israelita à Faixa de Gaza, no Verão desse ano.
O texto ontem discutido continha passagens de críticas aos colonatos praticamente tiradas de discursos de responsáveis americanos. Mas, apesar de terem criticado a colonização israelita, os EUA nunca chegaram a usar a palavra "ilegal" para a classificar, sublinha o diário "New York Times".
A Administração tinha pressionado os palestinianos para aceitarem discutir apenas uma declaração, menos forte do que uma resolução (e não vinculativa), que pediria ainda o recomeço das negociações entre israelitas e palestinianos. Teria sido ainda prometido o envio de uma missão de investigação aos colonatos. Houve telefonemas a Mahmoud Abbas, primeiro do próprio Presidente Obama, depois da secretária de Estado, Hillary Clinton.
Abbas tinha-se reunido ontem com a comissão executiva da Organização de Libertação da Palestina (OLP), onde foi decidido apresentar a resolução através dos Estados árabes. "A decisão foi tomada, apesar de pressão americana", comentou um membro do organismo à agência Reuters.
Quando começou a ser discutida a apresentação deste texto no Conselho de Segurança, já em Janeiro, os EUA tinham sugerido que a resolução não traria vantagens para o processo de paz, e este foi o argumento ontem repetido para justificar o veto.
Mas depois do falhanço norte-americano em conseguir um novo congelamento da colonização (que era o pré-requisito da Autoridade Palestiniana para continuar a negociar directamente com o Estado hebraico) e depois das revelações de grandes concessões palestinianas em anteriores negociações (que os responsáveis israelitas recusaram), o processo de paz é agora considerado morto e enterrado.
A linha de actuação da Autoridade Palestiniana tem-se focado antes em fortalecer instituições, e os seus responsáveis ameaçam declarar unilateralmente um Estado ainda este ano.
Um outro responsável palestiniano comentou à Reuters que, se Mahmoud Abbas decidisse retirar esta resolução, estaria a arriscar "uma catástrofe política". "As pessoas iriam para a rua e derrubariam o presidente", comentou, lembrando a onda de protestos na Tunísia e Egipto.
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