
Oito anos depois, Dilma Rousseff repetiu o gesto de Lula em 2003, quando, após vencer a eleição, o petista foi pessoalmente ao Congresso entregar a mensagem presidencial, com as diretrizes do governo para o próximo período. A iniciativa, de forte caráter simbólico, surtiu efeito: Dilma se transformou em centro das atenções da solenidade de reabertura do Congresso.
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A presidente foi cercada por fotógrafos, cinegrafistas e seguranças logo na subida da rampa. Na entrada do Salão Negro, além de Sarney, Marco Maia e outros parlamentares, dezenas de convidados e funcionários do Congresso se acotovelavam. Uma das faxineiras da Câmara estava entre eles.
- Se eu não visse a Dilma agora, não veria nunca mais. E ela até sorriu para mim!
Poucos metros adiante, ao subir a escada de acesso ao Salão Verde, um grupo de mulheres gritava: “Dilma! Dilma! É a mulher no poder!” – enquanto uma delas entregava um buquê de rosas vermelhas à presidente.
Dilma teve dificuldades para atravessar o corredor central do plenário da Câmara, completamente lotado. A todo momento, era chamada a cumprimentar parlamentares aliados e de oposição. O presidente Sarney tentou apressar o início da solenidade, pedindo a todos que se sentassem, mas o deslocamento de Dilma continuou difícil.
Ao ser anunciada como integrante da mesa, a presidente foi aplaudida de pé pelo plenário e chegou a se levantar da cadeira para agradecer. Durante a leitura da mensagem presidencial - normalmente trazida pelo ministro da Casa Civil e lida pelo primeiro secretário do Congresso – Dilma foi interrompida por aplausos pelo menos 13 vezes. Ao terminar, ouviu o grito do senador Suplicy, que arrancou risos do plenário.
- Venha sempre, presidenta!
Ao discursar, encerrando a sessão, o presidente Sarney chegou a puxar aplausos para Dilma.
- A senhora será sempre recebida nesta casa com o coração aberto!
Na saída, a presidente foi seguida por um séquito de parlamentares até a descida da rampa e a entrada no automóvel, enquanto oposicionistas, como Aécio Neves (PSDB-MG) concediam entrevistas criticando o caráter “vago”do seu discurso.
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