Milhares de pessoas ocuparam o centro de Brasília após o desfile cívico-militar para protestar contra a corrupção. Através de redes sociais, movimento Dia do Basta conseguiu mobilizar grupos em 60 cidades do país.
Com palavras de ordem, organizadores de movimentos contra corrupção convocaram as pessoas que foram até o centro de Brasília para acompanhar as celebrações deste 7 de Setembro. Há quatro anos, a marcha é marcada para o Dia da Independência com o objetivo de chamar a atenção para temas importantes da democracia.
Este ano, várias marchas foram organizadas por todo o país. Na capital federal, o Movimento Brasileiro de Combate à Corrupção (MBCC) – criado por "brasilienses cansados de ouvir falar em corrupção e impunidade", segundo o movimento – levou às ruas a quarta marcha contra a corrupção.
Aldo Ferreira, advogado e um dos organizadores do MBCC, disse à DW Brasil que o movimento é organizado horizontalmente, sem lideranças ou qualquer filiação política. No centro das manifestações, estão questões ligadas à transparência e boa gestão. "A corrupção é um câncer que corrói os brasileiros. Ela mata, ela tira recursos da saúde, da educação, dos transportes, de todas as esferas", disse Aldo.
Em 2012, não se deu muita ênfase à mobilização pelas redes sociais, porque se queria que apenas os verdadeiramente engajados estivessem na marcha. Devido ao fato de várias categorias de servidores públicos estarem em greve, o movimento temia que a marcha contra a corrupção fosse contaminada por interesses particulares. Segundo estimativas da organização, cerca de 5 mil pessoas participaram do protesto.
Cerca de 5 mil pessoas protestaram em Brasília contra corrupção
Marcha por resultados
Para Aldo Ferreira, não são válidos os argumentos de que fazer protestos não traz resultados. "Nós estamos na quarta marcha e basta ver os avanços que a gente conseguiu até agora. Por exemplo, conseguimos aprovação da Ficha Limpa, que é uma ação civil popular que fez com que todo político condenado não pudesse ser candidato". No início do ano, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a chamada lei da Ficha Limpa seria válida para as eleições municipais que acontecem no próximo mês.
O servidor público Gentil Ferreira acompanhou a marcha e fez questão de reconhecer o papel que manifestações públicas têm na aprovação de leis. "A própria origem da Ficha Limpa como iniciativa popular demonstra que a sociedade organizada produz resultados e manifestações como estas, que são favoráveis a esse tipo de iniciativa – de leis menos brandas para políticos corruptos. O povo tem que falar, dar sua opinião e dizer o que quer: um Brasil sem corrupção."
A marcha acontece em meio ao julgamento considerado mais importante do século na Justiça brasileira: o julgamento, no Supremo Tribunal Federal, dos 37 réus do esquema de corrupção batizado de "mensalão". Tiago Tonaco levou o filho para acompanhar a manifestação. Para ele, esta é uma oportunidade de explicar ao seu filho o significado de momentos políticos como esse. "Estou explicando para ele o que é cada ministério e o que é o Supremo Tribunal Federal. Estou indo até lá mostrar para ele."
População reconhece papel de manifestações na aprovação de leis
Manifestações por todo o país
Outros movimentos espalhados pelos estados realizaram protestos no 7 de Setembro. O Dia do Basta, por exemplo, conseguiu mobilizar grupos em 60 cidades em todo o país. "A gente organiza tudo sempre pela Fanpage do Facebook. As pessoas interessadas entram em contato e dizem que querem fazer a manifestação da sua cidade. Existe uma seleção: a pessoa não pode ser filiada a nenhum partido político e tem que ter mais de 18 anos", explicou à DW Brasil Laura Furquim, uma das organizadoras do Dia do Basta.
Este movimento levou às ruas uma reivindicação específica: o projeto de voto aberto no Congresso. "A meta deste evento de 7 de Setembro é recolher pelo menos 20 mil assinaturas para juntar com as 30 mil já coletadas, que deverão ser entregues ao relator do projeto do voto aberto", disse Laura.
O projeto prevê que as votações na Câmara e no Senado sejam abertas para que cada eleitor saiba o voto de cada parlamentar em questões importantes, como cassação de mandatos e votações sobre orçamento.