O presidente e a primeira-dama dos Estados Unidos, Barack e Michelle Obama, acenam em despedida no Aeroporto de Charlotte, na Carolina do Norte, após participarem da Convenção Democrata
Barack Obama aceita a nomeação à Casa Branca: discurso conciso e firme, da esperança de 2008 à necessidade da continuidade em 2012
Se em 2008 Obama entrou para a história como o nome da esperança e da mudança, sua versão da convenção de 2012 representa a convocação para a responsabilidade e o realismo. "O caminho que oferecemos pode ser mais difícil, mas leva a um lugar melhor. E eu peço que vocês escolham este futuro", afirmou Obama ao cair da noite desta quinta-feira em Charlotte, Carolina do Norte, ao aceitar a nomeação democrata para disputar a reeleição à presidência dos Estados Unidos.
"Em cada questão, a escolha que você enfrenta será uma escolha entre dois caminhos diferentes para os Estados Unidos", disse o candidato no início do discurso após ser chamado ao palco por Michelle Obama, após discurso de seu vice, Joe Biden. "Não fingirei que o caminho que eu ofereço é rápido ou fácil. Nunca prometi. Vocês não me elegeram para que eu dissesse o que vocês queriam ouvir. Vocês me elegeram para eu dissesse a verdade."
Trata-se de uma mudança inevitável no discurso, conforme admitido pelo próprio Obama. "Eu reconheço que as coisas mudaram desde que eu falei pela primeira vez nesta convenção. Os tempos mudaram - e eu também. Não sou mais somente um candidato. Eu sou o presidente", disse, para o delírio dos delegados e convidados democratas presente em Charlotte.
Obama iniciou o discurso de modo lento e descompromissado, com declarações de amor para sua mulher e de orgulho para as filhas Malia e Sasha - que, brincou, terão de ir à aula "amanhã de manhã". Mas, aos poucos, subiu o tom e a retórica, traçando algumas das metas do seu segundo governo.
"Você pode escolher um caminho onde controlemos mais de nossa própria energia", declarou Obama, em referência aos avanços em direção a uma matriz energética verde e sustentável e. "Somente no último ano, cortamos a importação de petróleo em um milhão de barris diários - mais que qualquer outro governo da história recente", declarou.
Mas não tardou, após algumas declarações sobre educação e Primavera Árabe, que Obama atacasse os adversários republicanos. "Romney", no entanto, foi um nome pouco dito especificamente por Obama, que optou por ironizar algumas posições do republicano, por quem deixou transparecer pouco apreço e a quem, ao contrário de Biden e outros oradores de Charlotte, não teceu elogios.
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"Você não chama a Rússia de nosso inimigo número um (...) a menos que você ainda esteja preso em uma visão de mundo da Guerra Fria", caçoou Obama sobre Romney, que critica a postura complacente do democrata sobre o Kremlin do presidente Vladimir Putin. "Você pode não estar pronto para a diplomacia quando não consegue ir às Olimpíadas sem insultar nosso maior aliado", continuou, lembrando as críticas que o candidato do Grand Old Party teceu ao Reino Unido e aos Jogos Olímpicos de Londres seu recente tour internacional.
Mas o discurso era firme, objetivo e convicto, e Obama igualmente não perdeu tempo com Romney, dedicando parte central da fala à mesma lógica coletivista que serviu de base para o discurso do ex-presidente Bill Clinton, nessa quarta. "Nenhum partido detém o monopólio do conhecimento. Nenhuma democracia funciona sem compromisso", lembrou. "Nós não pensamos que o governo pode resolver todos nossos problemas. Mas nós não pensamos que o governo é a fonte de todos nossos problemas", disse, em clara referência à filosofia do Estado mínimo dos republicanos.
Obama foi além. "Nós também acreditamos em algo chamado cidadania - a ideia de que esse país só funciona quando aceitamos certas obrigações para com o outro. (...) Como cidadãos, nós entendemos que os EUA não são sobre aquilo que pode ser feito para nós, mas sobre aquilo que pode ser feito por nós, juntos".
Era a premissa necessária e final para defender sua visão política e convencer os eleitores que, ainda que nem tudo esteja como o desejado, ainda há muito a ser feito. "Nossa estrada é mais longa, mas nós a percorremos juntos. Nós não voltamos. Não deixamos ninguém para trás."
"As eleições em 2008 não eram sobre mim, eram sobre você. Você é a mudança", convocou um confiante e firme Obama. "Nunca tive mais esperanças nos EUA do que hoje. Tenho esperanças por causa de vocês."