Buenos Aires. Sob uma chuva de papel picado, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, terminou chorando durante o discurso em comemoração aos nove anos da eleição do marido, Néstor Kirchner (1950-2010).
Um a um, abraçou os integrantes da cúpula de seu governo - o vice-presidente, Amado Boudou, e vários ministros, entre eles sua cunhada, Alicia Kirchner (Desenvolvimento Social). Também cumprimentou representantes de grupos de direitos humanos que estavam no local, como a líder das Mães da Praça de Maio (Hebe de Bonafini) e a das Avós (Estela de Carlotto).
O ato ocorreu ontem, no estádio do Vélez Sarsfield. Contou com a participação de diversos grupos políticos que apoiam o governo. Entre eles, La Cámpora, Juventude Peronista, Movimento Evita.
As bandeiras dos grupos eram tão grandes que, em várias partes do estádio, era difícil ver o palco. Havia também pessoas portando bandeiras da Venezuela e outras com o logo da YPF - petroleira controlada pelo grupo espanhol Repsol, cujas ações o governo Cristina expropriou.
Também se podiam ver cartazes com o logo da YPF, mas com as letras trocadas, onde se lia "CFK", as iniciais de Cristina Fernández de Kirchner. Diante do lugar onde a mandatária discursou por quase 40 minutos, um imenso boneco de Néstor Kirchner empunhava os dizeres "aguante, morocha" (fique firme, morena, em tradução).
Ainda enlutada, Cristina citou o que classifica como pontos altos dos governos de Néstor e do seu - o julgamento dos repressores da ditadura, o impulso à industrialização do país, o posicionamento contra o FMI e, por fim, a nacionalização da YPF.
Disse que novos tempos exigem "novas formas de intervenção e participação do Estado junto ao setor privado" e que o governo "não pode abrir mão das responsabilidades políticas, econômicas e sociais". Celebrou a adesão dos jovens à política.
A eles, a presidente disse: "Não sou eterna, são vocês os herdeiros do legado desse governo. Estamos velhos, e a vida nos mostra dramaticamente que pode terminar de repente".
Ao final, aproximou-se do público (de 150 mil pessoas, segundo os organizadores) e abraçou alguns fãs.
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