quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Torcedores estão envolvidos em recente crise política do Egito










Os torcedores de futebol egípcios, cujos confrontos em uma partida deixaram ao menos 74 mortos no Egito nesta quarta-feira, estiveram implicados na atual turbulência política do Egito, que no ano passado forçou a renúncia do presidente Hosni Mubarak em 11 de fevereiro.

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Foto: AFP

Sinalizadores são jogados no estádio durante confronto em partida de futebol entre os times Al-Ahly e Al-Masry no Egito

Assista: Vídeo mostra invasão de campo no Egito

As mortes desta quarta-feira aconteceram na cidade de Port Said depois que torcedores invadiram o campo após o fim do jogo em que o clube Masry conseguiu um rara vitória por 3 a 1 contra o al-Ahly.

De acordo com um funcionário de um necrotério citado pela Associated Press, muitos dos mortos são oficiais de segurança. Segundo a BBC, parece que alguns dos torcedores levaram facas para dentro do estádio. Os dois times têm um histórico de rivalidade, mas a violência teria se acirrado porque os policiais demoraram para conter os torcedores.

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Desde a queda de Mubarak, após 18 dias de um levante popular cujo início completou um ano em 25 de janeiro, a polícia egípcia tem se mantido mais discreta, evitando ao máximo reprimir protestos e reuniões populares.

Desde a queda de Mubarak, uma Junta Militar governa o Egito sob contestação de setores civis que pedem a transferência imediata do poder.

O líder da Irmandade Muçulmana, grupo político que conseguiu a maioria das cadeiras na Assembleia Popular (equivalente à Câmara) nas primeiras eleições após a queda de Mubarak, disse que a violência no estádio tem conotação política. Em nota, Essam al-Erian disse que "os eventos em Port Said foram planejados e são uma mensagem dos remanescentes do antigo regime" de Mubarak.

Imagens de TV mostraram multidões de torcedores do Masry correndo para dentro do estádio, perseguindo torcedores e jogadores do Ahly. Alguns foram cercados no estádio, que teve algumas partes queimadas. Esse foi um dos piores incidentes relacionados ao futebol no Egito.

Todos os jogos da liga foram cancelados, e o Parlamento recém-eleito do país realizará uma sessão de emergência na quinta-feira sobre o assunto, anunciou a TV estatal.

Entre os torcedores egípcios, os do al-Ahly, conhecidos como "ultras" e alvos dos ataques desta quarta-feira, são particularmente violentos. Recentemente eles fundaram o partido político Beladi, que quer dizer meu país, para difundir o crescente espírito de liberdade política no Egito.

A ideia nasceu depois que as torcidas organizadas conseguiram traduzir as táticas de rivalidade esportiva para a revolução urbana. Mas, em alguns protestos recentes, os ultras foram acusados de incentivar a violência entre os manifestantes e as forças de segurança, e até de combater a polícia.

Jogadores fogem desesperadamente para o vestiário após a invasão de campo - Foto: AP
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