sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Premiê eleita da Dinamarca inicia diálogo para formar coalizão
A primeira-ministra eleita da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt, iniciou nesta sexta-feira a complicada tarefa de montar uma disparatada coalizão de centro-esquerda, após uma eleição que encerrou dez anos de governos direitistas no país.
Os jornais dinamarqueses imediatamente questionaram a longevidade da sua coalizão, apontando as profundas diferenças existentes entre os partidos do chamado Bloco Vermelho, que abrange desde centristas tradicionais até a extrema esquerda.
Valendo-se do descontentamento do eleitorado com a situação econômica sob o governo do premiê Lars Lokke Rasmussen, o Bloco Vermelho formou uma maioria de apenas cinco deputados (em um total de 179), segundo resultados preliminares. O comparecimento às urnas foi elevado, de 87,7%.
Rasmussen deve apresentar formalmente sua renúncia na sexta-feira, permitindo que a social-democrata Thorning-Schmidt se torne a primeira mulher a ocupar o cargo no país.
"Com uma base parlamentar consistindo de partidos em profunda disputa mútua a respeito da maioria das questões importantes na sociedade, a vitória eleitoral de ontem à noite pode se transformar em um triunfo efêmero para Thorning-Schmidt", escreveu o jornal Berlingske.
Os maiores vitoriosos nas urnas foram a Aliança Vermelha e Verde, de extrema esquerda, e o centrista Partido Social Liberal - que apoiam Thorning-Schmidt, mas discordam em praticamente todo o resto. Os social-democratas, da futura premiê, na verdade perderam espaço no Parlamento e serão apenas a segunda força, atrás do Partido Liberal, de Rasmussen.
"Esse é um desafio político", disse Jorgen Elklit, cientista político da Universidade de Aarhus. "Certamente vai levar dias, talvez semanas para que se forme um governo."
A primeira tarefa será econômica. A plataforma de Thorning-Schmidt inclui aumento de gastos públicos, elevação dos impostos sobre os ricos e um estranho plano para aumentar a jornada de trabalho em 12 minutos por dia. A hora extra semanal, argumenta o grupo dela, pode dar um impulso à economia.
O Nordea, maior banco nórdico, disse em nota aos seus clientes que a troca de governo pode resultar em aumento nos gastos públicos.
A Dinamarca não participa da zona do euro e por isso tem sido poupada do trauma vivido por outras nações em decorrência dos pacotes de ajuda a países como a Grécia, questão que causa indignação popular na vizinha Alemanha.
Mas a crise econômica transformou os outrora sólidos superávits dinamarqueses em um déficit que deve alcançar 4,6 por cento do PIB no ano que vem.
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