Uma geração de brasileiros vai deixar hoje o passado de lado e torcer para o Uruguai na decisão da Copa América contra o Paraguai. A maioria deles não chorou o Maracanazo — o dia em que Ademir, Zizinho, Barbosa & Cia perderam a Copa de 1950 para a Celeste, no Maracanã. Sessenta e um ano depois, a seleção uruguaia voltou a ser forte. Após o quarto lugar na Copa da África do Sul, pode assumir hoje a hegemonia do futebol sul-americano, se conquistar a 15ª Copa América de sua história e superar a Argentina, que tem 14. Torcida não vai faltar, principalmente dos alvinegros.
“Todo botafoguense hoje tem um pouquinho de uruguaio por causa do Loco Abreu. Ele contagiou muita gente com a garra uruguaia. Falta isso na nossa Seleção”, diz o analista de sistema Felipe Lopes, 26 anos, que exibia orgulhoso a camisa celeste alvinegra em São Januário, no jogo contra o Corinthians.
Desapontado com os rumos do futebol brasileiro, o botafoguense Ricardo Cherfan, 50, não torceu para o Brasil na Copa América. “Meu coração não ficou nem dividido. Torci para o Uruguai. A nossa seleção é aquilo que todo mundo sabe, muita panela e jogadores milionários. Falta raça”. Outro alvinegro que hoje é uruguaio desde pequenininho por causa de Loco Abreu é Claudionor Soares, 55 anos, presidente da torcida ‘Amapafogo’.
“O Loco é o mentor espiritual dessa seleção. É o orientador, o jogador que passa garra, amor, carisma. Estamos com ele neste domingo”, diz, com entusiasmo, Claudionor, que percorreu os 3.548km que separam Macapá do Rio, com um grupo de 17 alvinegros, para estar mais perto do Botafogo. Mas quando ele é lembrado do Maracanazo, o entusiasmo logo desaparece. “É difícil esquecer. Marcou muito”.
Opinião compartilhada pelo torcedor Roberto Correa, 50: “Não dá para esquecer. O negócio é a gente ganhar a Copa aqui. Se o Abreu continuar, vamos torcer para ser vice para a gente tirar a forra de 50”.
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