quinta-feira, 21 de julho de 2011

Selic é elevada pela quinta vez consecutiva



Em meio a dúvidas sobre o comportamento da economia e dos preços, o Banco Central anunciou ontem o quinto aumento consecutivo da taxa básica de juros (Selic). O Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa que serve de referência para o custo do dinheiro a empresas e consumidores de 12,25% para 12,50% ao ano. A decisão já era esperada pelo mercado.

"Avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50% a.a., sem viés", informou o BC.

A expectativa de economistas consultados pelo BC é que haja pelo menos mais um aumento de 0,25 ponto percentual da taxa, na próxima reunião do Copom, marcada para os dias 30 e 31 de agosto.

Parte dos analistas não descarta outro aumento na reunião seguinte, marcada para outubro, caso haja piora nos dados sobre inflação no Brasil e melhora no cenário internacional.

Controle inflacionário

O aumento dos juros é parte do trabalho iniciado no final de 2010 para esfriar a economia e controlar a inflação, que está hoje no maior nível em seis anos. No início do governo Dilma, os juros estavam em 10,75% ao ano. Atualmente, está no maior nível desde março de 2009.

Antes de aumentar a taxa básica, o BC já havia anunciado restrições a financiamentos e retirado recursos da economia. O governo também cortou gastos do Orçamento e dobrou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre empréstimos para pessoas físicas.

Espaço para manter

O coordenador do Grupo de Análises e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Messenberg, disse ontem que o Banco Central (BC) tinha espaço para manter a Selic no patamar de 12,25% ao ano na reunião de ontem do Copom. Segundo ele, mantido o nível atual dos juros, a inflação fechará 2011 na faixa entre 5% e 6%, portanto, abaixo do teto da meta do governo.

Dados recentes mostram que a inflação caiu nos últimos três meses, mas menos que o esperado pelo mercado. O IPCA, índice oficial que serve de referência para o BC, acumulada alta de 6,71% em 12 meses, acima do teto da meta, que é de 4,5% com dois pontos de tolerância.

Outros dados econômicos, como crédito, produção industrial e vendas do comércio, mostram desaceleração. Há dúvidas, no entanto, se o ritmo atual de crescimento será suficiente para segurar os preços, que devem voltar a subir com mais força a partir de setembro.

Como o BC desistiu de trazer a inflação para os 4,5% neste ano, para não causar uma recessão, o objetivo agora é alcançar o centro da meta em 2012. As previsões do mercado e da própria instituição ainda estão em volta de 5%.

Outras economias emergentes, como China e Rússia, também elevaram os juros neste ano e adotaram outras medidas para segurar a inflação. As taxas nesses países, no entanto, são mais baixas que no Brasil, líder mundial no ranking dos juros reais. Apesar do aumento da Selic, a taxa real de juros recuou de 6,86% na reunião do Copom de junho para 6,77% ao ano na reunião atual. Esse número considera a taxa básica descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.

Líder nos juros

A decisão do Copom de elevar a Selic fez com que o Brasil completasse um ano na liderança do ranking dos países com maiores juros reais do planeta. O Brasil ocupa a primeira posição do ranking desde janeiro de 2010, quando ultrapassou o segundo colocado à época, a Indonésia. Com a alta, os juros reais foram a 6,77% ao ano. Na segunda posição aparece a Hungria, com taxa real de 2,4%. Na terceira posição está o Chile, com 1,8%. O ranking é elaborado por Jason Vieira, analista internacional da Cruzeiro do Sul Corretora, com 40 das maiores economias do planeta.

De acordo com o levantamento da Cruzeiro do Sul, para que o Brasil deixasse a primeira colocação no ranking, seria necessário um corte de 5 p.p. na taxa Selic. Assim, o País chegaria a um juro real de 2,3%, ocupando a segunda posição, atrás da Hungria (2,4%).

Opinião do especialista

No curto prazo, decisão foi necessária

Para os problemas que a economia brasileira enfrenta atualmente, a decisão do Copom foi acertada, levando-se em conta o curto prazo. No entanto, no longo prazo, é fundamental que se empenhe em diminuir os gastos públicos. Se o governo tem elevado a taxa de juros, é com o intuito de frear o ritmo intenso que a economia vem apresentando, e os gastos do governo são grandes responsáveis por esse aquecimento. Se a inflação continuar apresentando sinais de desaceleração - o próprio IPCA-15 divulgado ontem, de 0,10%, é um sinal disso -, na próxima reunião do Copom (em agosto) não será necessário, novamente, aumentar a taxa. É um indicador que vem sendo gradativamente controlado. Ainda assim, é preciso sempre ficar atento. Só será preciso aumentar a Selic novamente se houver uma variação muito intensa no preço das commodities no mercado internacional, o que acabaria influenciando a inflação brasileira.

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