O magnata dos meios de comunicação Rupert Murdoch viajará neste sábado ao Reino Unido para tentar resolver a crise gerada após o anúncio do fechamento de seu dominical News of the World e a detenção de vários jornalistas da publicação pelo suposto envolvimento no caso de escutas ilegais. Como informa a rede pública britânica BBC, espera-se que o multimilionário, proprietário do grupo News International", dono de vários periódicos no Reino Unido, chegue a Londres nas próximas horas.
News International, divisão de imprensa britânica que faz parte da corporação "News Corporation", está imersa em uma grave crise de credibilidade e com possíveis repercussões penais depois da detenção de vários jornalistas do popular dominical News of the World por supostamente grampear por anos telefones para obter exclusivas.
Na sexta-feira foi detido e solto após o pagamento de fiança Andy Coulson, diretor do jornal entre 2003 e 2007, época em que foram feitas as escutas de personalidades da vida pública britânica. O mesmo ocorreu com Clive Goodman, antigo correspondente de realeza da publicação, quem já cumpriu pena de quatro meses em 2007 por interceptar caixas de correio de celulares, incluindo os da Família Real britânica, em colaboração com o detetive Glen Mulcaire. Outros três jornalistas do rotativo foram detidos e postos em liberdade condicional enquanto continua a investigação.
A detenção de Coulson sob suspeita de corrupção e intercepção de telefones enquanto era diretor do News of the World tem implicações para o governo, já que o jornalista de 43 anos foi chefe de imprensa do primeiro-ministro, David Cameron, cargo do qual renunciou em janeiro. Coulson sempre sustentou que não sabia das atividades ilegais feitas pelos repórteres do tablóide sob sua direção.
Embora o caso das escutas ilegais por parte de funcionários do News of the World esteja há anos ao corrente da atenção midiática, nesta semana o caso mais vigor com a descoberta que não só haviam grampeado celulares de famosos, mas de uma menina assassinada e de familiares de soldados mortos no Iraque. Diante da indignação provocada pelas revelações, Cameron anunciou na sexta-feira que será aberta uma investigação judicial e outra sobre ética jornalística, à margem da investigação policial conduzida pela Scotland Yard sobre o escândalo.
O chefe do governo defendeu sua decisão de contratar seu amigo Coulson como chefe de imprensa, a quem pediu "garantias" de sua inocência, e disse que assume sua responsabilidade.
O presidente do grupo News International, James Murdoch - filho de Rupert Murdoch -, anunciou na quinta-feira o fechamento do dominical News of the World, o de maior tiragem do país, após sua edição deste domingo para tentar enterrar o assunto das escutas. No entanto, esta decisão, que põe fim a 168 anos de história com a possível demissão de 200 trabalhadores, é vista nos círculos políticos e empresariais como uma operação de lavagem para proteger os interesses do grupo, cujas ações caíram nas bolsas de valores e tiveram prejuízos com publicidade.
A executiva do News International e antiga diretora de News of the World Rebekah Brooks, de quem cada vez mais vozes neste país pedem a demissão, informou na sexta-feira aos funcionários que deixará de dirigir a investigação interna por conflito de interesses.
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