O mercado financeiro não deu muita bola para a possibilidade de rebaixamento da classificação de risco da dívida dos Estados Unidos. No último dia 13 de julho, a Moody’s colocou em revisão o rating soberano dos EUA, preocupada com a não aprovação, em momento oportuno, do aumento do limite de endividamento do governo federal norte-americano.
De acordo com a agência de risco, a situação pode levar o país a declarar a moratória em suas obrigações de dívidas. Atualmente, a classificação dos Estados Unidos está em AAA, o topo da lista.
A notícia da Moody’s saiu depois das 18 horas, quando os mercados financeiros já estavam fechados. No dia 13, o Ibovespa subiu e o dólar caiu. Na quarta-feira, o pregão que absorveria a notícia fechou com Ibovespa em queda e dólar em alta, mas por outros motivos. Segundo operadores, o mercado reagiu mal à declaração do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, descartando um terceiro programa de flexibilização quantitativa em breve. Ele ainda reiterou que não há plano imediato para uma nova rodada de compra de bônus do Tesouro dos EUA.
O fantasma do rebaixamento não assustou os investidores simplesmente porque eles descartam qualquer possibilidade de não pagamento de dívida pelos Estados Unidos. “Algum investidor pode aproveitar a notícia para forçar uma tendência, mas não acredito que os EUA sejam rebaixados”, disse Álvaro Bandeira, diretor da Ativa Corretora. “Eu acho que esse tipo de notícia é uma pressão política para que o Congresso do país aprove logo o aumento do limite de dívida.”
Lika Takahashi, coordenadora de análise da Fator Corretora, também não vê impactos dessa possibilidade no mercado financeiro. “Mesmo se ocorrer, o rebaixamento não limita a capacidade dos Estados Unidos de emitir dívida na própria moeda.”
Relatórios
A mesma posição foi tomada pelos bancos Bank of America Merrill Lynch e Barclays em relatórios de ontem. “Os investidores parecem não ter ligado para a revisão da Moody’s”, dizem os analistas do BofA, “pois acreditam que os Estados Unidos não vai deixar de pagar sua dívida, mesmo se o limite de endividamento não for aprovado pelo Congresso tão cedo.”
No Barclays, a sensação é de que “o não pagamento de dívida é um evento extremamente improvável”. "Apesar de o Tesouro ter dito que não quer escolher quais pagamentos fará, caso o limite de endividamento não seja elevado, nós continuamos a acreditar que, se for absolutamente necessário, o governo vai priorizar os pagamentos de cupons, mais importantes, sobre outras obrigações"
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