domingo, 24 de julho de 2011

Homem detido após atentados na Noruega diz ter sido o único autor do massacre


O único detido pelo massacre da Noruega, Anders Behring Breivik, admitiu neste domingo ser o único autor do duplo atentado na Noruega, que deixou mais de 90 mortos, em uma jornada na qual o país prestou homenagem às vítimas com um funeral de Estado.

Breivik, um norueguês de 32 anos de ideologia ultradireitista e que se diz contra o Islã, admitiu à Polícia ter sido o único responsável pelo ataque com um carro-bomba em Oslo e o posterior tiroteio da ilha de Utoya, na qual pelo menos 86 jovens morreram, e ressaltou que os atentados foram "necessários".

Foi o que explicou seu advogado, Geir Lippestad, após assistir ao interrogatório ao qual foi submetido seu cliente, no qual ele não negou nada e se prestou a colaborar com os agentes e o juiz, que lhe interrogará na segunda-feira.

"Explicou a seriedade do assunto, a incrível amplitude de feridos e mortos. Sua reação foi assumir que era cruel executar esses assassinatos, que, segundo ele, eram necessários", disse o advogado sobre Breivik, que pode ser condenado a até 21 anos de prisão, segundo o código penal norueguês.

Neste domingo foi divulgado um texto do agressor de 1,5 mil páginas escritas em inglês no qual critica o Islã, ataca o "multiculturalismo" e explica com detalhes como os "autênticos" europeus vão recuperar o continente dos muçulmanos.

"Quando decides atacar, é melhor matar muita gente que não o suficiente, ou te arriscas a reduzir o impacto ideológico desejado para o golpe", argumenta.

O texto, que contém fragmentos próprios e outros plagiados do terrorista americano Ted Kaczynski, conhecido como "Unabomber", faz referências à Espanha e acusa o chefe do Governo José Luis Rodríguez Zapatero de "render o país aos muçulmanos e à imigração em massa" e de ter alcançado o poder graças à Al Qaeda.

Além disso, assegura que ao nomear como ministra da Defesa "uma mulher grávida", em referência a Carmé Chacón, Zapatero deu a entender "que não tinha intenção de defender-se" dos muçulmanos.

Breivik divulgou seu texto na internet horas antes de realizar os ataques, considerados "a maior tragédia desde a Segunda Guerra Mundial" na Noruega, de acordo com o primeiro-ministro do país, Jens Stoltenberg.

No entanto, ele só chegou à imprensa neste domingo, pouco antes de centenas de pessoas, liderados pela família real norueguesa e pelos membros do Executivo, participarem de um funeral de Estado em homenagem aos mortos na catedral de Oslo.

"Vim aqui porque uma das minhas alunas, uma fantástica ativista política de 21 anos que eu conhecia bem, morreu assassinada em Utoya", declarou à Agência Efe o professor de Direito da Universidade de Oslo Mads Andenas.

As visitas ao templo foram constantes durante todo dia e no final da tarde seus arredores estavam repletos de flores, velas, bandeiras norueguesas e dedicatórias.

"Vamos responder a estes atentados com mais democracia", assegurou Stoltenberg em seu discurso na catedral.

Enquanto isso, as equipes de resgate continuam trabalhando na ilha de Utoya e nos quatro edifícios gravemente danificados pela explosão do carro-bomba na busca de mais vítimas, já que há um número indeterminado de pessoas desaparecidas.

As críticas à atuação das forças de segurança seguiram de forma paralela ao longo do dia, centradas na passividade inicial da Polícia e na demora para que chegasse a Utoya, o que agravou a tragédia.

Em entrevista coletiva, um porta-voz policial reconheceu que a corporação recebeu a primeira mensagem de alerta sobre o tiroteio às 17h26 (12h26 de Brasília), mas que os primeiros agentes só chegaram à ilha às 18h25 horas (15h25 de Brasília), já que eles primeiro tiveram que confirmar o aviso e depois conseguir uma embarcação.

Na tarde de sexta-feira, um carro-bomba explodiu contra o Ministério do Petróleo e Energia da Noruega, matando sete pessoas, e duas horas depois um homem disfarçado de policial irrompeu em um acampamento de jovens social-democratas na ilha de Utoya e matou pelo menos 86 pessoas a tiros.


Atirador parecia ter saído de filme nazista, diz sobrevivente

Um jovem de 21 anos que trabalhava na organização do acampamento na ilha de Utoya, na Noruega, descreveu os momentos de terror que viveu na última sexta-feira, quando um atirador matou ao menos 86 pessoas. Adrian Pracon disse que, para se salvar, ele fingiu estar morto após ser atingido por um tiro no ombro, segundo a AFP. Pracon concedeu entrevista no hospital Ringerike, onde está internado, na cidade de Hoenefoss.

Adrian Pracon disse à agência German Press que "tudo começou com a explosão em Oslo". "(No acampamento,) nós nos reunimos em uma grande sala para informar a todos sobre o que havia acontecido. Haviam nos informado que policiais estavam fazendo patrulhas, então pensamos que seria bom ter policiais na ilha - até que um policial começou a atirar nas pessoas", disse o jovem sobre o agressor, Anders Behring Breivik, que vestia roupas da polícia durante o ataque. "Todos correram e tentaram nadar para fugir", afirmou Pracon.
Adrian Pracon é um dos sobreviventes do tiroteio na ilha de Utoya, na NoruegaAdrian Pracon é um dos sobreviventes do tiroteio na ilha de Utoya, na Noruega

O jovem disse que, depois de ser ferido no ombro, ele tentou fugir da ilha nadando. "Eu nadei por 100 metros e comecei a perder o fôlego, então tive que voltar, e mal consegui. Quando voltei, ele estava parado lá, com a arma apontada para a minha cabeça. Eu implorei para que ele não puxasse o gatilho - e ele não puxou", afirmou Pracon. "Eu o vi três vezes. Ele estava muito calmo, relaxado, controlado. Acho que ele não estava dando muita importância para aquilo. Ele caminhava devagar e parecia alguém que eu veria em um filme representando nazistas", disse o rapaz.

"Acredito que eu tinha um anjo da guarda me cuidando. Eu tenho muita, muita sorte de estar vivo", afirmou Adrian Pracon. "Mas eu não posso comemorar a minha sorte por causa de todas as pessoas que perderam suas vidas", disse ele.

Tragédia na Noruega

A Noruega viveu na última sexta-feira, dia 22, a maior tragédia do país desde a Segunda Guerra Mundial. Dois atentados deixaram, até o momento, um saldo de 93 mortos. Primeiro, uma bomba explodiu no centro da capital, Oslo, na região onde estão localizados vários prédios governamentais, inclusive o escritório do premiê, Jens Stoltenber. Sete pessoas morreram, mas a polícia admite possa haver corpos não resgatados nos prédios.

A segunda tragédia aconteceu em uma ilha próxima da capital, Utoya. Lá, Anders Behring Breivik, um homem de 32 anos vestido com uniforme da polícia, abriu fogo contra jovens reunidos em um acampamento de verão. Ao menos 86 morreram, a maioria pelos tiros disparados. Alguns outros morreram afogados após tentarem fugir nadando. Ele foi detido logo depois pela polícia e admitiu o crime. O atirador - que é ligado à extrema-direita - também tem envolvimento no ataque em Oslo.

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