terça-feira, 14 de junho de 2011
Reduzida expectativa em relação ao PIB
A revisão para baixo na Focus da mediana das expectativas em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2011, de 4% para 3,96%, foi motivada pelos dados da produção industrial e das vendas do varejo em abril e do próprio PIB no primeiro trimestre. É o que avaliam as economistas do Banco Santander Tatiana Pinheiro e da Rosenberg & Associados Thaís Zara.
A produção industrial sofreu em abril uma queda de 2,1% na margem e as vendas do varejo, de acordo com apuração do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registraram retração de 0,20%. No caso do PIB do primeiro trimestre, a taxa foi positiva em 1,30% na comparação com o último trimestre do ano passado e de 4,20% sobre igual trimestre em 2010.
Ocorre, de acordo com Tatiana, do Santander, que apesar ter vindo bem o PIB ficou marcado negativamente pela sua composição, que mostrou o consumo das famílias abaixo do que o mercado esperava. No confronto com o quarto trimestre do ano passado, ou seja, na margem, o consumo das famílias cresceu apenas 0,6% e no confronto com o mesmo trimestre do ano passado, 5,9%.
De acordo com Tatiana, o movimento de revisão do crescimento econômico para baixo em 2011 já estava na cabeça dos analistas do mercado por conta dos aumentos de juros e da adoção das medidas macroprudenciais. "Esse movimento vem desde o começo do ano. O mercado já tinha este discurso de desaceleração porque sabe da defasagem da política monetária e das medidas macroprudenciais", diz Tatiana, para quem a revisão foi sendo feita paulatinamente conforme iam sendo divulgados os dados econômicos, mas se pronunciou com as divulgações das vendas e da produção industrial de abril.
Na avaliação de Thaís Zara além do reforço dado pelos números da produção industrial e das vendas do varejo em abril, a expectativa para o desempenho do PIB foi revisada para baixo também por conta dos aumentos da taxa básica de juros. "É complicado fazer a inflação ir para baixo sem também jogar o PIB para baixo", observa a economista da Rosenberg & Associados. Na consultoria, as projeções apontam para uma inflação de 6,3% para este ano, produção industrial crescendo 2,5% e o PIB se expandindo à razão de 4%.
Thaís acredita que em breve a expectativa mediana do mercado para o crescimento do PIB em 2012 também começará a ser revisada para baixo. A tese dela é de que as medidas que o BC tomar daqui para o fim do ano, dada a defasagem temporal entre a ação e seus efeitos na economia, repercutirão no PIB de 2012. "Logo começaremos a ver os reflexos no PIB de 2012", prevê.
Já Tatiana acredita que os analistas do mercado, até por conta de um certo desconhecimento dos efeitos das medidas macroprudenciais sobre a economia, estão ainda focados em 2011. Ou seja, ela não espera revisões nas expectativas para o PIB em 2012 para já. "Penso que o mercado só deverá começar a discutir o PIB de 2012 a partir do quarto trimestre", avalia.
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