Vinda de Obama no Rio causa manifestações na cidade

Rio - A vinda do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Rio de Janeiro tem dividido opiniões dos moradores da cidade. Além das manifestações nas redes sociais, movimentos que reúnem trabalhadores e estudantes universitários também estavam engajados em comparecer ao discurso, agora cancelado, do chefe de estado para protestar contra a política externa dos Estados Unidos.

Nesta sexta-feira, foram distribuídos panfletos no Largo da Carioca convocando o público para se concentrar no Largo da Glória antes de ir para a Cinelândia protestar. O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), apoia a vinda do presidente, mas reclama das exigências do governo norte-americano.

“O nível de imposição da Casa Branca é absurdo. Eu, como parlamentar, recebi o convite para o ato na Cinelândia, mas eu deveria chegar com três horas de antecedência, não levar nada, no máximo identidade, e me submeter a uma revista absoluta, mesmo sendo deputado, e ficar em pé”, protesta.
Foto: Mauro de Bias / Agência O Dia
Panfleto distribuído no Centro do Rio | Foto: Mauro de Bias / Agência O Dia

Segundo ele, as manifestações não causariam constragimento. “Em nenhum momento quisemos escorraçá-lo ou impedi-lo de falar. Seria uma manifestação democrática para mostrar que nem tudo são flores”, conta o parlamentar.

Para ele, a visita do líder, apesar do simbolismo de ser um encontro do presidente negro com a presidenta mulher, tem mais caráter comercial do que diplomático e serve a aumentar o superávit da balança comercial, já favorável aos norte-americanos. Chico disse acreditar que a irritação na cidade, como visto no Twitter, se deve aos cuidados excessivos com a segurança. “Isso é muito artificial. O carioca não combina com isso”, diz.

Segundo o cartunista Carlos Latuff, autor da charge que ilustra o panfleto que circulou no Centro, o “palco” escolhido para o discurso foi o pior possível.

“Trazer o presidente de uma nação que tem feito a guerra no Iraque, Afeganistão e Paquistão, para uma praça que foi palco de manifestações contra a ditadura no Brasil e pelas Diretas, é uma afronta sem precedentes”, diz.