segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Veja discurso de Dilma Rousseff
Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de abertura do XII Fórum dos Governadores do Nordeste
Aracaju-SE, 21 de fevereiro de 2011
Neste dia 21 de fevereiro, eu queria dizer a todos aqui presentes que para mim, como primeira viagem ao Nordeste, é muito importante estar aqui nesta reunião do 12º Fórum de Governadores do Nordeste.
Então, eu queria cumprimentar, primeiro, a todos.
Em seguida, eu queria dar um cumprimento especial ao meu querido Marcelo Déda, que sempre nos encanta com essa capacidade que o Déda tem de falar com o coração e também falar com a razão. Queria agradecer ao Déda, como anfitrião desta reunião, o acolhimento que ele está me dando aqui em Sergipe.
Queria cumprimentar a nossa querida primeira-dama Eliane Aquino,
Queria cumprimentar, também, os governadores aqui presentes,
O senhor governador da Bahia, meu companheiro Jaques Wagner,
O governador de Pernambuco, meu companheiro Eduardo Campos; e aproveito também para cumprimentar a minha querida amiga Renata Campos,
Queria cumprimentar o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, meu estado natal,
O governador do Ceará, companheiro Cid Gomes,
O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho,
O governador do Piauí, Wilson Martins,
A nossa querida governadora do Rio Grande do Norte, única mulher aqui presente no... - não, no Fórum eu não diria, Déda – no conjunto dos governadores nordestinos. Esperamos, não é, Rosalba, que sempre haja mais governadoras.
________: Tem a Roseana, que não pôde vir.
Presidenta: É. Mas a Roseana não está presente aqui, hoje, não está presente, infelizmente.
E o senhor Carlos Augusto Rosado, o nosso querido “primeiro-damo”.
Queria também cumprimentar o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho,
Cumprimentar o vice-governador do Maranhão, Washington Luiz, e pedir-lhe que ele envie à Roseana meu desejo de pronto restabelecimento,
Queria cumprimentar os meus ministros: Miriam Belchior, do Planejamento; Fernando Bezerra Coelho, da Integração Nacional; Luiz Sérgio, das Relações Institucionais; Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação Social.
Queria cumprimentar o vice-governador de Sergipe, Jackson Barreto,
E um cumprimento especial à deputada Angélica Guimarães, primeira presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe,
Cumprimentar também o presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe, desembargador José Alves Neto,
Queria cumprimentar os senhores senadores aqui presentes: Antonio Carlos Valadares, senador Eduardo Amorim, senador Humberto Costa, senador Walter Pinheiro, e senador Wellington Dias,
Queria cumprimentar os deputados federais: Almeida Lima, deputado André Moura, deputado Gonzaga Patriota, deputado Heleno Silva, deputado Laércio Oliveira, deputado Márcio Macedo, deputado Rogério Carvalho e deputado Valadares Filho,
Queria dirigir um cumprimento, também, ao nosso querido prefeito de Aracaju, o Edvaldo Nogueira, e agradecer pela orquestra sanfônica que, de fato, foi um momento especial aqui, e que mostra a riqueza cultural do nosso país,
Queria, ao cumprimentar o Edvaldo, cumprimentar todas as autoridades municipais aqui presentes,
Cumprimentar o Luciano Coutinho, presidente do nosso BNDES,
O Roberto Schmidt, presidente do Banco do Nordeste,
Queria cumprimentar todos os senadores, aliás, todos os deputados e deputadas estaduais,
Os senhores vereadores e as senhoras vereadoras,
Cumprimentar os representantes da imprensa aqui presentes,
E agradecer a presença das senhoras e dos senhores.
A minha primeira fala só podia ser, Déda, de agradecimento. Agradecimento ao povo do Nordeste, ao povo do Nordeste que soube me dar um apoio e, ao mesmo tempo, assumir o compromisso comigo ao me dar uma das votações mais expressivas que algum presidente da República teve na região nordestina. O agradecimento é do fundo do coração. Agora, o compromisso é baseado na mais completa e ampla convicção de que o Nordeste é o grande desafio da minha gestão, como foi da gestão do presidente Lula. E eu espero, ao longo da minha fala, demonstrar por quê.
Esse é um agradecimento muito importante, porque ele compõe e integra o coração do projeto que eu representei nessas eleições, que foi um projeto de desenvolvimento com inclusão social, um projeto que pensava, que vivia e que se determinou a alterar as desigualdades regionais e sociais do Brasil.
Por isso, o Nordeste era – e continua sendo – o nosso grande compromisso, porque ele representa o resgate de uma parcela do Brasil, da sua população e de uma região inteira.
Muito bem disse o Déda: aqui começou o Brasil. Aqui, o Brasil também continua. E, por isso, eu queria dizer que esse projeto do novo Nordeste, que eu acho que o presidente Lula inaugurou, ele é um projeto nacional, ele não é um projeto regional, rigorosamente falando. Por que ele é um projeto nacional? Porque, como você disse no seu discurso, para o Brasil, o Nordeste sempre foi visto como um problema. Para nós, não: ele foi visto como a grande solução dos nossos problemas.
E nós tivemos uma oportunidade única de viver isso e de demonstrar que isso não era retórico. Durante a crise, o Nordeste segurou o crescimento do Brasil, que só não mergulhou mais do que o que aconteceu em 2009 porque o Nordeste seguiu crescendo, e seguiu crescendo a taxas superiores às taxas nacionais.
Portanto, esse projeto é um projeto que olha o Brasil a partir do Nordeste, e tem por objetivo perceber que não há uma solução para o Brasil sem uma solução para o Nordeste. E isso por quê? Nós acreditamos que a grande alavanca do crescimento do nosso país nos últimos anos, que mudou completamente a forma pela qual o mundo nos enxerga, mas também a forma pela qual nós nos enxergamos foi, de fato, perceber que este país, ele só seria grande, ele só seria um país desenvolvido se fosse um país em que homens e mulheres brasileiros tivessem acesso aos bens de uma economia desenvolvida, de uma economia sofisticada e de uma economia que tinha de aplicar todos os seus esforços em incluir milhões e milhões de brasileiros, porque essa era a força fundamental deste país.
Nessa medida, ao percebermos que não havia solução para o Brasil sem solução para uma das suas regiões mais espoliadas, e onde havia maior concentração de renda, de emprego, nós lançamos as bases do que eu chamo projeto do novo Nordeste, que é um projeto casado com o projeto do novo Brasil. Primeiro, a base disso foram escolhas estratégicas do governo do presidente Lula, que optou por perceber que não havia contradição entre aumentar a renda da população brasileira, criar um mercado interno, manter um crescimento com estabilidade. Segundo, porque nesse período, ao mesmo tempo em que o presidente Lula fazia isso, houve o surgimento, a emergência, no próprio Nordeste, de forças políticas que tinham a consciência dos seus problemas. E essas lideranças políticas transformadoras, eleitas pelo voto do povo nordestino, elas foram responsáveis por uma das maiores parcerias realizadas neste país entre o governo da União e os membros da Federação.
Essa parceria, ela teve sua expressão aqui no Nordeste. Ela ocorreu em todas as outras regiões, mas eu ouso dizer que aqui no Nordeste ela se deu de uma forma mais integral, mais completa. E isso não se deve ao governo federal, nem só ao presidente Lula, nem tampouco aos seus ministros. Isso se deveu ao fato de que essas lideranças políticas, expressas nos seus governadores, tinham consciência dos problemas das suas regiões, não estavam mais dispostas a esperar, e tinham uma inconformidade e uma indignação com a situação vivida pela sua população, pelos seus povos.
Por isso, este Fórum de Governadores, juntamente com todos os prefeitos – e aqui eu queria destacar os prefeitos, falando do nosso querido prefeito Edvaldo, que sempre foi um parceiro nesse processo – isso significa uma mudança na trajetória do Brasil e do Nordeste. Houve uma confluência, sim, de um amadurecimento do governo federal, mas também, e sobretudo, eu quero destacar, por uma questão de justiça: nós não teríamos conseguido fazer o que fizemos se não estivéssemos todos engajados no mesmo projeto, independentemente de partidos políticos, independentemente de opções políticas. E isso eu não estou falando só em termos daqueles que se identificavam com o nosso governo, mas nós todos: governadores, prefeitos e o governo federal fomos capazes de fazer essa parceria.
Então, eu acredito que esse pacto que sustentou – eu acho – uma grande transformação no Nordeste nesses últimos oito anos, ele é estratégico para manter essa transformação e para manter, politicamente falando, essa aliança que nós fizemos, que sustenta a emergência de um novo Nordeste.
Eu queria dizer para vocês que avançar nas transformações, tanto a garantir um desenvolvimento acima do Produto Interno Bruto do Brasil, aqui no Nordeste, avançar na distribuição de renda e no combate às desigualdades, aqui no Nordeste, é crucial para fazer o Brasil avançar, tanto no seu desenvolvimento como num projeto que para mim é o projeto prioritário, que é o projeto da erradicação da miséria no Brasil.
É importante perceber que nós só conseguiremos diminuir a desigualdade regional se aqui nós fizermos sempre um pouco mais do que é feito no resto do Brasil. E é esse o grande desafio que nós temos pela frente. Nós temos que fazer um pouco mais aqui, porque aqui há uma trajetória de desigualdade que vem da oligarquia, vem da escravidão, vem de vários fatores. Mas, sobretudo no período capitalista, vem do desenvolvimento bastante assimétrico no Brasil. E esse desenvolvimento assimétrico, ele atingiu estados da Federação que hoje estão no Sudeste, no caso Minas Gerais, mas que tem uma região inteira que tem todas as características de Nordeste. E o Nordeste, no Brasil, às vezes não fica só no Nordeste. Ele fica no Sudeste, ele fica na Metade Sul do Rio Grande do Sul, ele fica no maior estado da Federação, o estado mais rico, São Paulo, ali no Vale do Ribeira, fica lá no Vale do Jequitinhonha. O Nordeste, no Brasil, está em vários lugares. Mas ele está, sobretudo, aqui, e por isso é nossa tarefa fazer aqui um pouco mais, é esse um grande desafio. Nós temos de manter, aqui, o PIB crescendo a taxas acima do PIB nacional, e nós temos de fazer aqui um esforço imenso, porque a pobreza no Brasil, ela tem uma certidão de nascimento que privilegia, infelizmente, esta região do país. Por isso é que eu tenho esse compromisso que, eu diria, assim, que é um compromisso de alma com esta região. Para tanto, nós vamos precisar de fortalecer o nosso pacto para além dessas diferenças políticas, mas tendo clareza dos nossos objetivos. Daí por que eu fico muito feliz de começar minha caminhada no Nordeste nesta reunião do Fórum de Governadores. Porque, sem os senhores, eu sei que nós não conseguiremos, porque os senhores são estratégicos nisso.
Além disso, é necessário que nós olhemos o Nordeste com um olho muito perspicaz. Nós não podemos olhar o Nordeste vendo todas as regiões como iguais porque, assim como não há solução para o Brasil sem solução para o Nordeste, não há solução para o Nordeste sem solução para o semiárido nordestino. E isso significa que nós vamos ter de regionalizar os nossos instrumentos, as nossas ações, e que vai ficar mais difícil fazer a política, porque ela vai ter de ser mais precisa, ela vai ter de ser mais requintada, e nós teremos de ter uma parceria cada vez mais estreita.
Territórios ainda vulneráveis da região, eles devem ser incorporados ao ciclo virtuoso de crescimento que nós já vimos surgir em várias áreas dos vários estados nordestinos. Nós vamos precisar, para que a gente de fato tenha um novo Nordeste, espraiar o desenvolvimento por todo o território. A gente tem de ter uma ótica de território. Daí por que vem aqui do Nordeste uma grande contribuição lá para o Ministério do Planejamento, de uma pessoa que é aqui de Sergipe, que foi...
_________: É baiana.
Presidenta: Eu sei. Ela é aqui de Sergipe, eu vou falar que ela é baiana só no fim. Ela é aqui de Sergipe, ela foi secretária do Planejamento.
_________: Por dez anos.
Presidenta: Por dez anos. Ela olhou essa questão dos territórios, junto com o Luciano Coutinho. E o Jaques disse: “Ela nasceu na Bahia”. No fim, ela é nordestina, é a Lúcia Falcão. Se eles brigarem, você defende. É isso mesmo.
Bom, essas propostas, que eu acho que nós temos de nos deter, eu não tenho todo o “mapa da mina”, mas para que a gente possa manter e acelerar o desenvolvimento do nosso Nordeste, eu queria destacar algumas questões.
Nós temos de assegurar que o Brasil também cresça em ritmo adequado, para o Nordeste crescer acima do ritmo brasileiro. É impossível o Nordeste ter um crescimento significativo, acima até do PIB, do crescimento do PIB brasileiro, se o PIB brasileiro cair. A nossa relação é uma relação umbilical. É um pouco acima, mas tem de ser um pouco acima do acima.
Por isso, eu quero dizer que os nossos cortes orçamentários, os 50 bilhões, eles preservaram o investimento. Nós estamos, sim, fazendo uma consolidação fiscal. Não é igual ao que foi feito em 2003. Em 2003, o Brasil tinha uma taxa de inflação fora do controle, que não é o caso atualmente. Nós estamos dentro da margem estabelecida, de 2 pontos acima dos 4,5[%] da meta. Nós não tínhamos US$ 300 bilhões de reservas, como temos hoje. Nem tampouco tínhamos um nível e um projeto de investimento em que todos – investimento público e privado – mantiveram um patamar de crescimento. E mais: temos perfeita consciência, para que não haja de fato, no Brasil, pressões inflacionárias, que nós não deixaremos que aconteça, é importante que a oferta de bens e serviços, sobretudo a taxa de investimento, cresça acima, cresça acima da demanda por bens e serviços. A taxa de investimento, ela integra a demanda, mas ela garante a ampliação da oferta. Daí porque nós mantemos integralmente os investimentos com o PAC, Minha Casa Minha Vida, Copa. Eu estou dando, dentro da Copa, Mobilidade Urbana, vou dar dentro... aliás, dentro da Copa, não. Dentro do PAC Mobilidade Urbana, que completa os investimentos da Copa em Mobilidade. Estou dando também como exemplo de não corte o próprio PAC 2, especialmente na parte social e urbana; e o Programa... o PEF de 2011, que nós estamos mantendo... de 2011, que nós estamos mantendo, que é recurso livre.
O Nordeste precisa continuar crescendo, como eu disse, em um ritmo mais adiantado do que o Brasil. E cresceu nos últimos anos. Eu não vou aqui me estender nos dados, mas nós sabemos que houve um crescimento nesse período, do Nordeste, acima da taxa de crescimento do PIB. Principalmente, porque nós criamos um mercado interno pujante. Daí porque é importante para o Nordeste a política de reajuste e valorização do salário mínimo que nós aprovamos em primeira instância na Câmara e que esperamos aprovar no Senado. Por quê? Porque ela garante um horizonte de crescimento do salário mínimo de forma sistemática, sendo esse horizonte o PIB de dois anos atrás e a inflação do ano corrente. Eu alerto aos senhores que o PIB de dois anos atrás, ele tem um componente anticíclico, na nossa visão de política. Por quê? Porque nós sabemos que o ano de 2012 será o ano em que a economia vai recuperar de forma mais forte. Com o reajuste que está previsto diante de um PIB de 7,6% e de uma taxa de inflação que vai ficar em torno de 4,5[%] a 5[%], nós teremos um ajuste significativo do poder de consumo. Então, é interessante e importante que vocês entendam as projeções que nós fizemos para definir esse tipo de política. Nós vamos ter de mobilizar um amplo conjunto de instrumentos para assegurar que a gente consiga manter a redução das desigualdades e, ao mesmo tempo, nós consigamos esse crescimento acima da média.
Todos nós sabemos que não bastam só políticas sociais. É fundamental que a economia mantenha uma taxa de crescimento do emprego que seja capaz de absorver os nossos trabalhadores, de dar uma perspectiva de vida para milhões de famílias brasileiras no Brasil e aqui no Nordeste.
O que nós fizemos deu certo. Nós demos um grande apoio e estímulo aos grandes investimentos, tanto na infraestrutura, investimentos públicos ou em parceria, quanto investimentos produtivos do setor privado aqui no Nordeste. Nós vamos continuar fazendo isso.
O outro eixo é estímulo ao próprio empreendedorismo nordestino. Nós queremos que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e o futuro Ministério de Pequenas e Médias Empresas tenham uma política muito clara em relação aos APLs aqui no Nordeste, aos Arranjos Produtivos Locais. Por exemplo, nós achamos que há que dar suporte e fazer que se reproduza, eu diria assim, experiências de sucesso, como é o caso das confecções de Ibotirama, não é, Eduardo? A apicultura... em Ibotirama... É Toquitama [Toritama]? Eu falei para vocês que não era Ibotirama. Vocês vejam o que é uma ótima assessoria. É Toritama. E eles acharam esse Ibotirama, sabe onde? Na internet.
A apicultura em vários estados, laticínios em outros; porto digital no Recife, piscicultura, apicultura, enfim.
Nós temos de olhar também as diferentes iniciativas que existem aqui no Nordeste. Tem uma coisa que o ex-ministro Mangabeira Unger tinha razão: é que essa é uma experiência que geralmente cria o que ele chamava de “pequenos vitoriosos”, “médios vitoriosos”. Nós temos de incentivar o surgimento de pequenos e médios vitoriosos.
Além disso, o Nordeste tem de dar apoio à agricultura comercial, que já deu provas de enorme poder competitivo – no oeste da Bahia, lá no sul do Piauí, no Maranhão, a própria agricultura irrigada. E nós iremos dar uma grande importância, como na sequência eu falarei sobre a questão da política de irrigação. Além disso, através da nossa política global de agricultura familiar, nós temos certeza de que a desigualdade também, ela tem uma outra face, ela tem, apesar de ter uma concentração urbana, ela tem uma face rural. E, aí, a agricultura familiar, a expansão do Programa de Aquisição de Alimentos, juntamente com a assistência técnica, que não era tradição aqui na região, nós temos de incrementar, e só conseguiremos fazê-lo com a parceria dos governadores.
E eu queria dizer para vocês que, na nossa política de erradicação da miséria, a questão territorial e a questão regional, e o cuidado, aqui, com a região nordestina e com o semiárido vai assumir um papel muito importante. Eu não vou antecipar essa política, porque ela está em formatação. Mas eu posso assegurar a vocês que no perfil dela, da questão da erradicação da miséria, é impossível o Brasil encarar, enfrentar a questão da miséria sem tratar da questão da miséria aqui no Nordeste, aqui no semiárido. Nós esperamos que, até o início do próximo trimestre, a gente tenha já finalizada essa política de erradicação da miséria, para poder discutir e trazer para os senhores para o debate neste Fórum ou em alguma outra atividade que nós, em conjunto, julgarmos adequada.
Eu queria dizer também que nós iremos apoiar e estimular o investimento privado, gerador de oportunidades no Nordeste. E temos de caminhar para superar essa questão da chamada guerra fiscal. Eu sei que hoje, se não existisse guerra fiscal, dificilmente alguns – vou falar uma ousadia aqui – muitos investimentos não viriam para o Nordeste. Agora, sob todos os aspectos não é – nem será – a melhor forma de atrair investimento. Porque, muitas vezes, em nome da guerra fiscal, você acaba não beneficiando a região, mas beneficiando, de forma mais concentrada, o investidor. Eu sei que ele tem de ser beneficiado, mas ele não precisa ficar com todos os benefícios, como muitas vezes ocorre.
Por isso, para criar um ambiente atrativo à expansão do investimento privado, nós vamos enviar ao Congresso, ainda neste semestre, projeto de lei prorrogando os incentivos fiscais de Imposto de Renda aos investimentos produtivos no Nordeste. Ele está para vencer em 2013. Nós iremos antecipar, e já deixar claro que iremos prorrogá-los até 2018, para possibilitar um horizonte claro e uma capacidade de cálculo para o investidor, e permitir que ele possa investir com tranquilidade aqui. Lembro aos senhores que tem uma restrição da LOA que impede que seja para além de cinco anos a prorrogação; por isso, 2018.
Além disso, nós vamos fazer investimentos aqui na região. Eu vou mais ou menos dar um quadro do que a gente espera para cá. No PAC Nordeste, nós vamos dar continuidade a vários investimentos que estão aqui na região: a interligação das bacias – não é, Fernando? – mais a Transnordestina, mais parte da Norte-Sul que atinge o Nordeste também, porque atinge o Maranhão. Além disso, a continuidade das obras de rodovia, de ferrovia, de portos, a BR-101, como disse o Déda aqui, que todos nós passamos o tempo todo olhando com muito cuidado, e sabemos que é fundamental a interligação entre os estados, para criar uma economia, de fato, regional. E nós estimamos mais ou menos um total de 120,4 bilhões, sendo 64,5 bilhões até... do que está em andamento, até [20]14. Tem alguns que vão para além de [20]14, por exemplo, as refinarias, elas não se fazem em quatro anos. Muitas das refinarias, algumas vão para [20]15, outras para [20]16 e outras para [20]17. Mas são volumes de investimento muito elevados.
Novos investimentos do PAC 2 – aí, eu não estou falando da parte de urbano e social que inclui todos os projetos de Habitação, de Saneamento, de Praças do PAC, de Ampliação de Unidades Básicas de Saúde, é de 55,5 bilhão. O PAC 2 é maior, que é isso aqui, no Nordeste. Porque aqui só está a logística e a energética e parte da hídrica.
Bom, além disso, na Copa, nós vamos, de fato, executar investimentos específicos para as quatro capitais que foram selecionadas pela Fifa para a Copa: Fortaleza, Natal, Recife e Salvador, num total de 5,6 bilhões.
Na segurança hídrica, nós iremos dar uma especial atenção para a questão da segurança hídrica aqui no Nordeste, tanto nos projetos estruturantes, como é o caso da integração da Bacia do São Francisco, como os do que nós chamamos “complementares”. Os complementares são: o cinturão das águas, no Ceará; o canal do sertão alagoano; o sistema adutor agreste pernambucano; a vertente litorânea paraibana, a Barragem do Oiticica; a barragem, aqui, que o Déda sempre pleiteou e que está no Canal do Xingó, e a outra está em andamento também, não é?
_________: Inclusive tem uma parte dela.
Presidenta: Tem uma parte, mas está em andamento.
_________: Exatamente.
Presidenta: E vamos avançar em construção de barragens e açudes médios.
Além disso, vamos fazer obras pontuais. Na área de erradicação da miséria, nós iremos dar muita importância à questão das cisternas e o acesso humano e individualizado, por família, à água, assim como fizemos com o Luz para Todos. Pretendemos ter um projeto que define muito claramente a universalização da água na região.
Na política de irrigação, que vai estar sendo coordenada pelo ministro Fernando, nós vamos expandir – e achamos que isso é crucial para o desenvolvimento nordestino – a área irrigada, recuperando perímetros de irrigação existentes e estimulando a construção de novos perímetros. Daí porque nós estamos reestruturando o Ministério da Integração, com a criação da Secretaria Nacional de Irrigação.
Na garantia de acesso a serviços de políticas públicas de qualidade, eu queria levantar primeiro uma questão que ontem... foi ontem ou antes de ontem, apareceu, se eu não me engano, bom, em um grande jornal do eixo Rio-São Paulo, que foi sobre a questão – apesar do avanço na área de educação no Nordeste – a existência de professores que não estavam formados na universidade, em ensino superior, e que tornava a região uma das regiões com a taxa mais elevada de professores sem essa formação. Eu queria fazer duas observações: em primeiro lugar, isso é verdade, mas não é verdade já nessa dimensão. Por quê? Porque está em andamento, depois da interiorização de universidades que nós fizemos, e de Ifets – dos Institutos Federais e Tecnológicos –, e das unidades da Universidade Aberta do Brasil, está em andamento a formação de professores no Nordeste. Então, é verdade, mas a solução começou a ser encaminhada. Mas, nós vamos ter de fazer um esforço maior. Eu acho que esse indicador é um indicador com o qual nós não podemos conviver. Porque esse indicador, ele compromete a evolução do Nordeste, no que se refere à solução da desigualdade. Nós vamos ter de perseguir metas muito, eu diria assim, agressivas – vou usar a palavra “agressivas” – e tentar perseguir isso para poder formar.
Daí por que eu vou começar primeiro pelas Universidades Abertas, que nós estamos pretendendo fazer no biênio 2011-2012 setenta e dois novos polos da Universidade Aberta do Brasil. Por que isso? Porque nós sabemos que a Universidade Aberta do Brasil, utilizando toda a tecnologia de informações, ela permite uma interiorização maior, mais rápida e com qualidade. Mas também nós vamos finalizar as obras de 28 novas escolas técnicas; vamos iniciar o funcionamento de três novos campi; e vamos também, dentro do Pronatec, que nós vamos anunciar também, que não está pronto, mas eu falo qual é o espírito dele para os senhores, e aqui, em algumas regiões, vocês já sentem isso. Eu, inclusive, estive, uma época, aqui, com o presidente Lula, acho que foi numa parte lá em Alagoas, junto com o governador Teotônio, e o presidente Lula perguntou para o pessoal ali do trecho, que estava trabalhando na obra, se eu não me engano aquele era o canal... Me lembra... era o Canal do Sertão Alagoano, era um trecho dele, de uns 60 quilômetros, 50 quilômetros, por aí. E o presidente Lula, conversando com o pessoal, os peões, a peãozada, perguntou: “E aí, como é que está a coisa?” Eles disseram para o Presidente: “Olha, Presidente, a coisa está boa, porque a gente sai daqui e pode conseguir emprego lá na interligação da Bacia, a gente pode ir lá para outro emprego, então a coisa está boa”.
O que eu acho que nós temos de tirar disso? Não é o nosso contentamento puro e simples. É o fato de que a gente pode melhorar a formação profissional de todos os nossos trabalhadores, para que a gente tenha um trabalho de melhor qualidade. Eles vão poder trabalhar em todas as grandes obras mais sofisticadas que vão ocorrer aqui, além das obras de construção civil, que são muito importantes. Nós temos de formar eletricistas, soldadores. Nós temos de formar bons... para as obras do Minha Casa, Minha Vida, bons azulejistas. Enfim, tem toda uma quantidade de trabalhadores, lá para o Eduardo, lá, nós vamos ter de ter trabalhador especializado para as refinarias, para todas as obras de construção de estaleiro. Enfim, será importante, então, a visão desse Pronatec, porque o Pronatec é, eu acredito, um dos grandes instrumentos da distribuição de renda no Brasil. Ele implica em duas coisas: primeiro, na ampliação do ensino médio, fazer um ensino médio que seja combinado com o ensino técnico, de um lado. Então, ele diz respeito, aí, ao ensino regular, mas, de outro lado, ele dá conta também da formação do trabalhador. Então, é a formação técnica do trabalhador, em cursos com menos horas. Então, essas duas questões, elas são também fundamentais nesse processo.
E eu queria dizer que a regionalização de campus faz parte desse processo de qualificação dos alunos, porque é a melhoria do professor.
Finalmente, nós iremos... já fizemos uma seleção da área de social e urbano, com 6,7 bilhões aqui para o Nordeste, nós vamos continuar o projeto de seleção. E pretendemos que não só em Praças do PAC, em projetos de construção de creches e pré-escolas, na construção e cobertura de quadras esportivas nas escolas, nas UPAs, nas unidades básicas de saúde, nos projetos de drenagem – e eu tenho aqui todos os recursos destinados e já solucionados para cada uma dessas áreas – nas obras de pavimentação, nos investimentos de saneamento, nos investimentos do Minha Casa, Minha Vida 2, que nós tenhamos essa sustentação do investimento do governo federal.
Queria destacar que o nosso sistema financeiro vai estar atento para projetos, e nós iremos, como vocês já escutaram, nós iremos prorrogar o Programa de Sustentação do Investimento, o PSI. Isso significa também um foco na ampliação do investimento privado. Aqui no Nordeste, como em todo o Brasil, significa, na área de bens de capital, significa também um grande reforço na área da inovação, em uma parceria do BNDES com a Finep e, ao mesmo tempo, uma série de projetos está em andamento em áreas como celulose, como cimento, como indústria automobilística. Enfim, várias áreas que nós iremos contemplar através do nosso sistema financeiro. Eu queria dizer que o Banco do Nordeste, ele terá um papel muito importante. Nós pretendemos que o Banco do Nordeste seja o braço financeiro da Sudene; que tenha uma conjugação com a Sudene e que se transforme, de fato, em um grande instrumento de transformação aqui.
Mas, sobretudo, eu acredito em duas coisas. Eu acredito que nós temos de combinar um projeto específico muito ambicioso para o semiárido nordestino. Tem uma concentração populacional muito expressiva, e nós temos como desafio, eu acho, reduzir o nosso foco, concentrando ele em algumas regiões. Daí porque eu conto com os senhores para nos auxiliar. Quando nós começarmos e abrirmos o processo de discussão agora, em março, sobre o nosso Programa de Erradicação da Pobreza, que a gente conte com soluções, com propostas para essa questão do semiárido nordestino.
E, finalmente, eu queria dizer para vocês: eu considero que essa nossa síntese que nós colocamos no nosso dístico: “País rico é país sem pobreza”, ela tem um motivo. Por muitos e muitos anos, no Brasil, se acreditou que o Brasil podia ser rico com milhões de pobres, cidadãos e cidadãs brasileiras pobres. “País rico é um país sem pobreza”, significa profunda consciência que tem de ter o país, o seu governo, a sociedade, de que não haverá nenhum país rico, efetivamente rico, se ele conviver com a situação de pobreza que nós ainda convivemos.
Então, todos nós queremos ser... E nós vamos poder fazer isso, nós queremos superar alguns países, inclusive desenvolvidos, no ranking dos países com maior crescimento.
Mas nós não podemos querer só isso. Nós temos de querer, sobretudo, que seja um país em que a sociedade seja rica, em que não haja diferenças sociais que transformem o Brasil no recordista ainda, apesar de todo o esforço feito no governo do presidente Lula, que tirou da pobreza 28 milhões de brasileiros e elevou à classe média 36 milhões – dados ainda de 2009, porque os de 2010 ainda não estão prontos, eu acredito que nós tiramos mais gente –, nós não podemos nos conformar com essa situação, e nós temos de ter metas claras, metas claras para várias coisas.
País rico é país com saneamento; país rico é país com água; país rico é país com luz elétrica, e país rico é, sobretudo, país com emprego, e emprego de qualidade, com pessoas trabalhando, agregando valor e podendo criar seus filhos com orgulho. É isso que significa “País rico é país sem pobreza”.
Obrigada a todos.
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