
UE pede julgamento de responsáveis pela violência no Cairo
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), a britânica Catherine Ashton, pediu nesta quinta-feira ao governo egípcio um julgamento dos responsáveis pelos confrontos entre os manifestantes a favor e contrários ao presidente Hosni Mubarak no Cairo.
"Os responsáveis pelas vidas perdidas e os feridos têm que prestar contas do que fizeram à Justiça", disse. Ashton se declarou "extremamente preocupada com as notícias de que indivíduos armados atacaram violentamente manifestantes pacíficos".
Quatro manifestantes morreram baleados nesta quinta-feira na Praça Tahrir (Praça da Libertação) do Cairo, onde uma batalha campal entre adversários e partidários de Mubarak deixou pelo menos três mortos e centenas de feridos na quarta-feira. A Praça da Libertação é o epicentro da rebelião popular que exige a renúncia de Mubarak, que está no poder há 30 anos.
Protestos convulsionam o Egito
Desde o último dia 25 de janeiro - data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet -, os egípcios protestam pela saída do presidente Hosni Mubarak, que está há 30 anos no poder. No dia 28 as manifestações ganharam uma nova dimensão, fazendo o governo cortar o acesso à rede e declarar toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não sairia. Limitou-se a dizer que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população a partir da formação de um novo governo.
A partir do dia 29, um sábado, a nova administração foi anunciada. Passaram a fazer parte dela o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro da Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que reinaugurou o cargo de vice-presidente, posto inexistente no país desde 1981. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da polícia antimotins. A emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.
Enquanto isso, a oposição seguiu se organizando. O líder opositor Mohamad ElBaradei garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Já os Irmãos Muçulmanos disseram que não iriam dialogar com o novo governo. Na terça, dia 1º de fevereiro, dezenas de milharesde pessoas se reuniram na praça Tahrir para exigir a renúncia de Mubarak. A grandeza dos protestos levou o líder egípcio a anunciar que não participaria das próximas eleições, para delírio da massa reunida no centro do Cairo. Apesar de os protestos de ontem terem sido pacíficos, a ONU estima que cerca de 300 pessoas já tenham morrido no país desde o início dos protestos.
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