domingo, 6 de fevereiro de 2011

Liderança do partido governista do Egito renuncia


A liderança do partido governista do Egito renunciou no sábado, depois dos protestos que abalaram o governo, mas os manifestantes consideraram a medida uma artimanha que não vai detê-los do seu objetivo de derrubar o presidente.

A TV estatal Al Arábia noticiou que o presidente Hosni Mubarak --que reformulou seu governo, mas disse que vai ficar no cargo até as eleições, em setembro-- teria renunciado ao cargo de presidente do partido governista, mas depois voltou atrás.

A TV disse apenas que a liderança do partido, incluindo o filho de Mubarak, Gamal, havia renunciado e nomeado um novo secretário-geral, Hossam Badrawi, que é visto como um membro da ala reformista liberal.

Mas os manifestantes não se impressionaram. "Esses gestos não são considerados vitórias pelos manifestantes, isso é um truque do regime. Isso não está atendendo às nossas exigências. São apenas manobras para desviar a nossa atenção", disse Bilal Fathi, 22 anos.

Mais cedo, Mubarak se reuniu com alguns dos novos ministros, disse a agência de notícias do governo, numa clara afronta às centenas de milhares de manifestantes antigoverno, que se reuniram pelo décimo segundo dia no centro do Cairo, na praça Tahrir.

"A situação atual é simplesmente insustentável", disse a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, numa conferência sobre segurança em Munique, referindo-se à situação no Egito e também de todo o Oriente Médio.

Sabotadores explodiram um gasoduto no norte de Egito, durante a madrugada, interrompendo o fluxo do produto para Israel e também para a Jordânia, onde manifestantes enfurecidos com as dificuldades econômicas têm exigido um sistema político mais democrático.

NEGOCIAÇÕES

O vice-presidente Omar Suleiman começou a se reunir com pessoas proeminentes da oposição, disse a TV estatal, para tentar determinar uma maneira de garantir uma futura eleição presidencial livre e justa, ao mesmo tempo seguindo o que determina a constituição.

Mas com alguns dos manifestantes insistindo que queriam não só que Mubarak, mas também seus aliados saiam imediatamente, não ficou claro se isso seria suficiente para acabar com a crise.

Um comandante do exército egípcio foi vaiado na praça Tahrir quando tentou convencer milhares de manifestantes a parar com os protestos que parou a vida econômica da capital.

"Todos têm o direito de se expressar, mas por favor, salvem o que resta do Egito. Olhem ao seu redor", disse Hassan al-Roweny no alto-falante.

A multidão respondeu com gritos, pedindo a renúncia de Mubarak, o que levou Roweny a se retirar, dizendo: "Não falarei em meio a gritos assim."



Governos ocidentais manifestaram seu apoio aos manifestantes, mas estavam cautelosos em relação a esperar muito, rápido demais.

"O presidente Mubarak anunciou que não vai concorrer à reeleição e que seu filho também não vai concorrer... Ele mandou uma clara mensagem ao seu governo para que ele lidere e apóie esse processo de transição", Hillary disse na conferência de segurança em Munique, onde líderes mundiais estão reunidos para discutir como proceder.

"Isso é o que o governo disse que está tentando fazer, isso é o que estamos apoiando, e esperamos que ocorra da maneira mais ordeira e breve possível, dadas as circunstâncias", disse ela.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que a mudança deve ser "pacífica e ordeira," enquanto o primeiro ministro britânico, David Cameron, apelou para que aja uma transição rápida para uma nova liderança..

EXPLOSÃO

Mubarak disse na quinta-feira que acreditava que o Egito pudesse chegar ao caos, se cedesse às reivindicações dos manifestantes para que renunciasse imediatamente.

Ele se colocou como um baluarte contra a militância islâmica e como o ator principal da manutenção do tratado de paz assinado entre Israel e o Egito em 1979.

A TV estatal chamou o ataque ao gasoduto de uma operação terrorista. Os moradores do local relataram uma enorme explosão e disseram que as chamas imensas numa área perto do oleoduto, em El-Arish, ao norte do Sinai.

O site Intelligence Group, que monitora a al Qaeda e outros sites islâmicos, disse durante a semana que alguns grupos estavam exortando islâmicos a atacarem o oleoduto para Israel.

"Sabotadores aproveitaram a situação e explodiram o oleoduto", disse um correspondente da TV estatal.

No passado, o governo usou uma possível ameaça da militância islâmica para justificar a utilização de leis de emergência, que ajudaram a manter Mubarak no poder.

A Al Qaeda, que tem suas raízes ideológicas no Egito, tem sido amplamente excluída dos protestos contra Mubarak.

A ONU estima que 300 pessoas morreram nas manifestações e o ministro da saúde disse que cerca de 5.000 pessoas foram feridas desde 25 de janeiro, enquanto que um boletim da Credit Agricole disse que a crise estava custando em torno de 310 milhões de dólares por dia.

Com a agitação paralisando a economia do país mais populoso do mundo árabe, alguns egípcios querem um retorno à normalidade.

Mas um funcionário da bolsa disse no sábado que o mercado de ações não abrirá na segunda-feira, como estava programado, e também não deu uma nova data para a sua reabertura. Os bancos estão programados para reabrir no domingo.

Na praça Tahrir, os manifestantes que ocupam o cruzamento normalmente movimentado, no coração da cidade, disseram que não vão desistir, apesar da tensão permanente com os partidários de Mubarak, que os atacaram ao longo da semana.

O desafio sem precedentes contra Mubarak reuniu diferentes vertentes da sociedade --profissionais, muçulmanos pobres, seculares e religiosos, muçulmanos e cristãos, a juventude ligada na Internet e membros do movimento islamista Irmandade Muçulmana.

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