
Irmandade Muçulmana tem diálogo com governo egípcio
Enquantos egípcios opositores entram neste domingo no 13º dia de protestos contra o governo do presidente Hosni Muabarak, a Irmandade Muçulmana, maior grupo de oposição do Egito, encontra-se com o vice-presidente Omar Suleiman, dias depois de ter dito que não haveria diálogo até que Mubarak deixasse o poder.
Foto: AP
Manifestantes contrários ao governo de Mubarak protestam no centro do Cairo
"Não mudamos nossa posição. Decidimos acatar as demandas do povo para a mesa de negociação", disse o porta-voz do grupo Essam el-Erian. Em comunicado, o grupo disse ter iniciado um diálogo com autoridades para ver até que ponto estão disposta a ceder. "Desejando preservar os interesses da nação e de suas instituições e ansiosos para preservar a independência do país e sua rejeição de qualquer interferência internacional ou regional em nossos assuntos internos, iniciamos um diálogo para ver se eles estão dispostos a aceitar as exigências da população", diz o texto
A reunião representa a primeira vez que representantes do governo e da Irmandade, uma organização oficialmente declarada ilegal, sentam-se à mesa de negociações.
O vice Omar Suleiman convidou grupos de oposição, incluindo a Irmandade Muçulmana, para discutir reformas políticas antes das eleições em setembro. Encontros com pequenos partidos foram realizados no sábado.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, demonstrou apoio à participação da Irmandade Muçulmana nas conversações políticas. "Soubemos da participação da Irmandade Muçulmana, indicando que, pelo menos, estão envolvidos no diálogo que estimulamos", disse Hillary Clinton à National Public Radio (NPR), na Alemanha. "Vamos esperar e ver como se desenvolvem. Fomos muito claros sobre o que esperamos delas".
Neste domingo, manifestantes tentavam bloquear o Exército, que tentava avançar na praça Tahrir. Apesar das quase duas semanas de protestos nas ruas do Cairo e de outras grandes cidades do país, o presidente Hosni Mubarak - no poder desde 1981 - afirmou que não renunciará, mas prometeu não concorrer à reeleição.
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Mubarak já responsabilizou a Irmandade Muçulmana pela organização das manifestações e afirma que se ele deixar o cargo, o grupo vai se aproveitar do caos político que se instalará.
Economia
Neste domingo, bancos e lojas estão reabrindo após uma semana fechados, em meio a temores de que a população tente sacar o dinheiro depositado em contas. O Banco Central está liberando parte de suas reservas de US$ 36 bilhões para cobrir as possíveis retiradas, mas o presidente da instituição diz acreditar que todas as transações "serão honradas".
O governo tenta reanimar a economia do país, que estaria perdendo pelo menos US$ 310 milhões por dia devido à crise no país. Os turistas sumiram do Egito e muitas lojas, fábricas e até a bolsa de valores estão fechadas há dias. Muitos produtos básicos estão em falta.
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